segunda-feira, 7 de outubro de 2013

LIDERANÇA TRANSFORMADORA E SERVIDORA: LIDERANDO À MANEIRA DE CRISTO

LIDERANÇA TRANSFORMADORA E SERVIDORA: LIDERANDO À MANEIRA DE CRISTO

Por Marcos Aurélio dos Santos 

Deus em sua maravilhosa Graça e soberania resolveu conceder dons aos homens. Em 
meio à diversidade de dons e ministérios distribuídos no corpo de Cristo, somos 
chamados para liderar seu rebanho. Prover alimento saudável, cuidar dos ferimentos 
e proteger as ovelhas das feras predadoras são algumas das responsabilidades do líder.
No entanto, a liderança da igreja brasileira tem grandes desafios pela frente, pois
esta passa por uma crise de identidade quanto as suas atribuições. Gradativamente 
nossos líderes têm deixado de observar e imitar o exemplo daquele que em sua 
encarnação nos ensinou um modelo de liderança servidora. Abandonamos a missão 
de lavar os pés uns dos outros ( Jo.13.14   ).   
São várias as causas que levaram a liderança cristã a se distanciar de seu papel 
fundamental que é o serviço. Dentre vários podemos citar: 

O tradicionalismo onde se prioriza os ritos, códigos e dogmas estabelecidos pelo 
sistema religioso, o centralismo que aponta apenas um individuo como cabeça 
e que os liderados devem estar submissos ao seu “comando”, a proibição da 
liberdade de pensamento onde geralmente as ideias partem pré-determinadas por 
um só e não por uma equipe e o obter vantagens financeiras em detrimento da fé dos 
desavisados e desenformados.  

Dentre outros motivos, se encontra também a ausência de ética nas relações e ações das 
lideranças evangélicas que por sua vez tem gerado descredito por parte de uma 
considerável parcela do povo evangélico.

Este perfil de liderança tem acarretado sérios prejuízos a Igreja do Senhor Jesus, 
pois este se contradiz com as palavras de Cristo “Apascenta as minhas ovelhas” 
( Jo.21.16-17).  O centro da crise está na ausência do apascentar, do serviço, de 
apontar Cristo como pastor das ovelhas.

Mas Deus em sua infinita misericórdia chama sua liderança a retornar ao primeiro 
amor (Ap. 2.4), ele nos convoca ao arrependimento (Mt.3.2). Nisto habita a esperança 
a transformação e o servir.

Deus quer transformar sua liderança. Ele ama seu povo e jamais os deixará dispersos, 
haverá de levantar, reparar e capacitar líderes segundo seu coração, com profundo 
desejo de cuidar, guiar o rebanho, conduzindo-os a pessoa do Filho, daquele que é o
 modelo para uma liderança cristã que transforma. 

Nos propósitos do Eterno, está o desejo de contemplar uma liderança que tem como 
desafio transformar vidas e comunidades. Uma liderança cristã transformadora tem o 
desafio de mudar a realidade. Como líder do rebanho devemos encorajar os 
liderados para uma quebra de paradigmas, principalmente na dimensão do serviço, e
 tudo começa pela reflexão. 

O ponto de partida é refletir sobre a maneira de como as pessoas estão sendo 
dirigidas, ensinadas e influenciadas, e, consequentemente desafiá-las a uma releitura 
e reflexão das escrituras onde certamente encontraremos a fonte para as mudanças da
 realidade existente.

Munido de uma visão renovada e transformadora, o líder poderá exercer o estilo de
 liderança proposto por Jesus. Ele disse:

“Então, Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos 
príncipes dos gentios são estes dominados e que os grandes exercem autoridade 
sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser, entre vós, 
fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o 
primeiro, que seja vosso servo, bem como o Filho do Homem não veio para ser 
servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20.25-28).

Liderar é tarefa para quem gosta de servir. São os garçons do Reino. A grandeza 
do líder não está em sua facilidade de articulação, de estratégias, de eficácia em 
gestão, mas em sua capacidade de conduzir o rebanho até Cristo que é o pastor 
das ovelhas. Este fica em posição de retaguarda apontando a pessoa de Jesus para 
os liderados. A relevância de um líder está em sua disposição para servir a Deus e ao próximo.

Os que estão guiando as ovelhas em direção ao Sumo Pastor cabem o oficio de 
acolher, apascentar, alimentar e cuidar do rebanho. Deve estar disposto há 
sacrificar seu tempo para ouvir, aconselhar e encorajar outros, sofrer o dano, 
suportar as críticas e criticar, deve sempre usar de equilíbrio e flexibilidade 
para resolver questões complexas, oferecer ombro amigo também é tarefa 
primária do líder. É um exercício de espiritualidade que caminha para Cristo. 

Para mudar a realidade, é preciso encarnar estes valores do Reino, acreditando 
em mudanças e transformações. Liderar à maneira do Mestre, que se esvaziando 
de si mesmo, tomou forma de servo, veio como homem para servir aos homens, veio 
em carne e em sua humanidade demonstrou de maneira maravilhosa o amor de 
Deus fazendo o bem a todos, onde na cruz encontramos a expressão máxima de 
seu amor pelo mundo. (Jo.3.16; Fp.2.7)

Líderes que transformam aborrecem todo o tipo de ostentação e poder, antes amam 
a simplicidade e o serviço. A articulação da mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu 
para garantir um lugar de honra aos seus filhos e resposta de Jesus nos traz clareza 
sobre este questão. Mateus nos informa:

“Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e, 
prostrando-se, fez-lhe um pedido. “O que você quer”?”, perguntou ele. Ela respondeu: 
"Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro 
à tua esquerda". Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês 
beber o cálice que eu vou beber?” "Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: 
"Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à 
minha esquerda não cabe a mim conceder.

“Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai”. Quando 
os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus os chamou e 
disse: “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas 
importantes exercem poder sobre elas”. Não será assim entre vocês. “Pelo 
contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem 
quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio 
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt. 20:20-28).

No Reino, a pirâmide é invertida. O líder sempre será o ultimo e nunca o primeiro. 
A motivação que nos leva a labutar na obra de Deus não deve ser uma premiação 
diferenciada da parte do Senhor, mas a aspiração para ser servo. Pedir ao Pai que 
nos conceda privilégios em seu Reino é insensatez, pretensão ambiciosa, é falta de 
humildade, é “loucura humana”.  

Deus é soberano sobre sua liderança. Todo líder deve ter consciência quando ao 
seu ofício e submissão a Cristo, pois ele disse: “sem ele nada podemos fazer” (Jo.15.15).
 É preciso reconhecer nossa fragilidade, limitação e fraquezas para que possamos 
exercer com eficácia nosso papel de líder do rebanho.

Discernir com clareza as dimensões de nosso chamado é tarefa indispensável ao líder. 
Submeter-se a poderosa mão de Deus em nossas ações nos faz compreender qual é a
 boa e agradável vontade de Deus para seu povo, pois é isso que importa. Este é o 
desafio: Que o rebanho seja conduzido não pela nossa força, mas pelo cajado do 
verdadeiro Pastor e dono do rebanho. 

Então, liderar é servir, é encarnar os valores do Reino para que aconteça transformação. 
Que o Senhor Jesus por meio de sua soberania e Graça nos encoraje a liderar à sua 
maneira, no modelo que foi estabelecido pelo Pai para sua glória. Amém!




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