terça-feira, 17 de julho de 2012

Mais de 61% dos deficientes no CE não trabalham


Mais de 61% dos deficientes no CE não trabalham

Parte superior do formulário

Indique essa matéria

Seu Nome
Seu E-mail:

Nome do seu amigo:

E-mail do seu amigo:

EnviarFechar

Parte inferior do formulário


Seletividade e competitividade setores que mais absorvem homens e mulheres com deficiência são a indústria de transformação e os serviços

KID JÚNIOR

Sexo masculino concentra a maioria dos trabalhos formais. Para cada mulher, existem dois homens empregados

Ainda há muito o que fazer para que as pessoas com deficiência tenham espaço efetivo no mercado de trabalho. No Ceará, 61,34% das 1,2 milhões de pessoas com deficiência com dez anos ou mais de idade não estão inseridas nesse mercado. Principalmente as mulheres, que respondem por cerca de 65,34% dessa condição. Foi o que revelou a pesquisa “As pessoas com deficiência e o mercado de trabalho no Ceará: um olhar multifocal”, desenvolvida pelo governo do Estado com o objetivo de respaldar políticas públicas para o deficiente, vendo o que pode ser melhorado e no que se deve intervir.

A pesquisa foi lançada pela primeira-dama do Estado, Maria Célia Ferreira Gomes, ontem, durante o I Encontro do Fórum dos Conselhos Estaduais dos Direitos da Pessoa com Deficiência, com o tema “Participação e Controle Social das Políticas Públicas”, que termina hoje. De acordo com a Secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), Fátima Catunda, são três os motivos principais dessa realidade. O fato de a lei que estabelece uma cota de pessoas com deficiência nas empresas não estar sendo cumprida é um deles.

O segundo é a discriminação ainda existente não só de empresários, como da família, da escola, do mercado e até mesmo do próprio deficiente. Por fim, o medo de perder o Benefício da Prestação Continuada (BPC) — direito constitucional que consiste no pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a deficientes com incapacidade para a vida independente e para o trabalho — para arriscar um emprego e ser demitido mais à frente.

“Mas já há uma articulação do governo do Estado com o Ministério do Desenvolvimento Social para que o benefício, em caso de emprego do deficiente, continue sendo recebido por essa pessoa até que ela se adeqüe a essa nova realidade de trabalho”, explica Catunda. Outra proposta do Estado é para que o BPC volte a ser recebido pelo deficiente, caso ele fique desempregado, até surgir outra oportunidade.

Perfis

Ainda sobre a pesquisa, das pessoas ocupadas com alguma deficiência, a maioria compreende os grupos etários entre 30 e 59 anos. Entre os ocupados, os homens possuem uma participação superior à das mulheres. Representam 63,57% das ocupações. Já na situação de não-ocupados, as pessoas em tal condição têm uma maior inserção em faixas etárias mais maduras, ou seja, com idade a partir dos 40 anos, o que demonstra, conforme o levantamento, a seletividade e a competitividade do mundo do trabalho, com uma alta taxa de rotatividade dos empregos gerados e a dificuldade de colocação das pessoas com maior idade.

Os setores que mais absorvem homens e mulheres são a indústria de transformação e os serviços, seguidos do comércio e do terceiro setor. Um fato comum a ambos os sexos é que a maioria ganha entre um e três salários mínimos. São os deficientes auditivos aqueles que recebem a maior remuneração. No outro extremo, que recebem menos, estão os com deficiência mental.

MUNICÍPIOS CEARENSES
Faltam conselhos de direitos

Mesmo representando todos os conselhos estaduais dos Direitos da Pessoa com Deficiência do País na entidade nacional, o Ceará apresenta uma contradição preocupante: apenas 11 dos 184 municípios cearenses contam com conselhos municipais. A informação é do presidente do conselho do Ceará, Alexandre Mapurunga. O conselho municipal é o local, avaliou ele, onde a pessoa com deficiência tem a oportunidade de construir políticas públicas em prol da própria causa.

Por isso, disse Mapurunga, é de fundamental importância a realização do I Encontro do Fórum dos Conselhos Estaduais dos Direitos da Pessoa com Deficiência no Estado. “A gente entende que, no fórum, vamos estimular a criação de mais conselhos e discutir com maior propriedade políticas públicas para esse público”, afirmou, na solenidade de abertura do evento. Ainda é proposta do fórum celebrar o primeiro ano da ratificação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Para Mapurunga, a falta de acessibilidade ainda é um dos maiores entraves para os deficientes e muito se tem avançado na educação inclusiva. “Hoje, devemos celebrar também o fato de a legislação brasileira permitir que a pessoa com deficiência deixe de ser objeto de direito e passe a sujeito de direito”. Luiz Eduardo dos Santos, procurador de Justiça do Estado, sugeriu que a Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social (STDS) se comunicasse com os promotores do Interior do Estado na tentativa de estimular a criação de novos conselhos.

MAIOR ASSISTÊNCIA
Estado terá um centro de profissionalização

O Ceará vai ganhar um Centro de Profissionalização para a Pessoa com Deficiência. O anúncio foi feito também ontem pela primeira-dama do Estado, Maria Célia Habib Moura Ferreira Gomes. De acordo com ela, o processo licitatório para a unidade deve ocorrer entre o fim de julho e o início de agosto. Para a construção, conforme a primeira-dama, o governo vai contar com o apoio de uma emenda parlamentar do deputado federal Ariosto Holanda (PSB). A manutenção deve ser garantida pelo Estado.

“A idéia é a gente sentar com as empresas e o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e ver quais são as ofertas e as demandas. A partir desse diagnóstico, é que a gente vai poder definir em que áreas o centro vai se concentrar. Pela tendência que já identificamos, deve focar em hotelaria, telemarketing, entre outras”, adiantou Célia Ferreira Gomes. O centro deve ser instalado em Fortaleza, mas há grandes pretensões também para municípios no Interior do Estado.

Centros especializados

Na oportunidade, a primeira-dama anunciou a construção de mais três unidades em prol das pessoas com deficiência. O Centro de Diagnóstico e Prevenção na região do Cariri, com a finalidade de detectar o mais cedo possível a deficiência ou mesmo tentar evitá-la. Na região Norte, numa articulação com a Prefeitura de Sobral, a proposta é o Centro de Reabilitação Física.

Já para o Sertão Central, Quixadá ou Quixeramobim deve receber o Centro da Pessoa com Deficiência Auditiva. “O Centro de Profissionalização vai para Fortaleza porque a Capital concentra boa parte dos trabalhadores com deficiência”, afirmou Célia.

Segundo a primeira-dama do Estado, já existem projetos para os centros no Interior do Estado, restando apenas fazer alguns ajustes. “Até o fim da atual gestão, nosso desejo é entregar todos eles ou pelo menos a unidade de Fortaleza”.

Célia Ferreira Gomes informou ainda que todos os órgãos da administração pública estadual devem passar por reformas em suas estruturas no intuito de adequá-los às pessoas com deficiência. “As obras, inclusive, já começaram. Já tiramos do Departamento de Edificações e Rodovias (DER) a questão e a colocamos num outro escritório para acelerar o processo”.

NÚMEROS

Há 17,34% de pessoas com deficiência no Ceará

O Ceará é o terceiro estado do Nordeste com maior número de pessoas com deficiência

Os deficientes no Estado se concentram nas seguintes regiões: Região Metropolitana de Fortaleza, Centro-Sul, Sobral, Ibiapaba e litoral oeste

50,79% são deficientes visuais; 16,77%, auditivos; e 21,84% motores

A maioria é de mulheres

O Artigo 93 da Lei de Cotas (Lei nº 8.213/91) determina que as empresas que têm de 100 a 200 funcionários devem reservar 2% de suas vagas para pessoas com deficiência; de 201 a 500, 3%; entre 501 e mil empregados, 4%; com 1.001 ou mais, devem manter 5%

Fonte: Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social

Ludmila Wanbergna
Repórter
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=653323

Ceará tem mais de 2 milhões de pessoas com deficiência

Ceará tem mais de 2 milhões de pessoas com deficiência

Estado tem percentual superior ao índice nacional. Para especialistas, é preciso avançar na garantia de direitos
notícia1comentários

O Ceará soma pelo menos 2.340.150 pessoas com deficiência. O número, resultado do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), faz parte de estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), que compilou os dados estadual e regional. O trabalho mostra que o percentual da população residente no Estado com algum tipo de deficiência (27,69%) supera os índices nordestino (26,63%) e nacional (23,92%).

Em relação aos demais estados, o Ceará figura em terceiro lugar, atrás de Rio Grande do Norte e Paraíba. A técnica do Ipece Raquel Sales, uma das responsáveis pelo trabalho, frisa serem dados amostrais e preliminares. A pesquisa mostra ainda que a deficiência mais comum entre os brasileiros é a visual (18,76%). No Ceará, a proporção é ainda maior, de 22,15%, o que representa 1.871.784 de pessoas. Além disso, são 6,23% de pessoas que se declararam completamente surdas e 8,08% com completa deficiência motora.

O levantamento, porém, deve ser visto com cautela, cita o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Cedef), Fábio Holanda. “Qualquer pessoa com certo grau de deficiência visual, mas que não comprometa a funcionalidade da visão, acabou sendo considerada como deficiente visual”, pontua.

A titular da Coordenadoria da Pessoa com Deficiência da Secretaria dos Direitos Humanos de Fortaleza (SDH), Nadja de Pinho Pessoa, cita que, em 2000, data do último levantamento por município, a Capital tinha 293 mil pessoas com deficiência. “A gente sabe que grande percentual está em casa”, comenta.

No Nordeste, ela diz, atrasos em políticas de saúde, por exemplo, podem ser um fator que explique a grande quantidade de pessoas com deficiência. “No Interior, sabe-se que população carece de muitas políticas. É fator que faz crescer número de deficiências no Ceará”, diz.

Nadja comenta que muito mudou nas políticas para pessoa com deficiência nesta gestão, mas ainda é preciso avançar. “A área da política pública está nascendo. A gente só vai ter dimensão maior daqui a alguns anos”. Fábio Holanda também lembra que há muito a avançar. “Falta do Governo um papel mais firme pra cobrar das pessoas que cumpram efetivamente as leis”.

O coordenador do Laboratório de Inclusão, do Governo, João Monteiro, lembra que uma mudança cultural é necessária para incluir as pessoas com deficiência. “A gente não pode admitir que essas pessoas vão envelhecer dentro de casa”, diz.


ENTENDA A NOTÍCIA

O Brasil soma 45.623.910 pessoas com pelo menos uma deficiência. São pessoas com alguma dificuldade de enxergar, locomover-se, ouvir. Gestores e especialistas dizem que muito já mudou, mas é preciso mais.

SERVIÇO
Laboratório de inclusão

Pessoas com deficiência ou vulnerabilidade social que queiram se inserir no mercado de trabalho podem procurar o laboratório, ligado à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).

Endereço: rua Soriano Albuquerque, 230 – Joaquim Távora

Telefones: (85) 3101 4583 e (85) 3101 2123

Mais informações: labdeinclusao@gmail.com

Trabalho do Ipece

Acesse os dados sobre pessoas com deficiência em:
http://bit.ly/z2XRW2

Sexualidade da pessoa deficiente


SEXUALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

Falar sobre a sexualidade do portador de deficiência física implica necessariamente abordar o conceito sexualidade humana de forma ampla, em toda sua dimensão, ou seja, abrangendo os aspectos físico-biológicos, socioculturais, económicos e políticos. Nesse contexto, a sexualidade masculina ainda se confunde com a prática "machista", com todos os significados que este termo contém e que é tão sobejamente conhecido. A sexualidade feminina assume ainda contornos de submissão, repressão, sob a égide da dominação masculina que, contraditoriamente, explora o erotismo do corpo feminino em todos os níveis, transformando-o em objecto de prazer. A despeito das mudanças que se processam quanto à função social da mulher hoje, principalmente a partir do seu engajamento no mercado de trabalho e, decorrente, de seu papel mais participativo em termos de equidade com o homem no seio da família, permanecem ainda resquícios da sociedade patriarcal e autoritária da sociedade fálica. Estudos mostram que a sexualidade masculina é mais centrada nos órgãos genitais (no pénis), diferentemente da sexualidade feminina, que é mais difusa sobre seu corpo. O corpo predominantemente genitalizado do homem pode ser explicado em função de que este, independentemente de classe social, foi submetido, historicamente, ao processo de produção, foi canalizado para o trabalho. Indícios de mudanças aparecem na classe média, na qual este modelo começou a ser rompido a partir do questionamento das relações de género, provocando uma maior equidade no que se refere ao direito à gratificação sexual e à valorização orgásmica da mulher. Assim, a sexualidade masculina, como instrumento de dominação e poder, é uma postura sexual alienante. Essa alienação é parte constitutiva das sociedades que valorizam o trabalho em detrimento do prazer, negando o próprio corpo. São formas mascaradas de repressão, apesar da liberação sexual iniciada há três décadas com o advento da pílula anticoncepcional e a ascensão social e política da mulher. Esses valores atingem de modo severo os portadores de deficiência física (em consequência de danos neurológicos). Estes, a despeito das disfunções sexuais presentes em diferentes níveis, quanto à erecção, ejaculação, orgasmo e reprodução, mantêm a sua sexualidade latente, quando entendida no seu conceito ampliado. Há que se compreender, todavia, que, para o homem portador de deficiência física, tais limitações acarretam o sentimento de que lhe foi tirado o essencial de sua identidade masculina, construída culturalmente sob o significado simbólico do "poder do falo". Consequentemente, tiraram desse homem o "seu poder" nas relações sociais e interpessoais. Na mulher, o impacto da deficiência atinge a sexualidade na sua imediaticidade, ou seja, na sua aparência. Seu corpo, objecto de erotização, apresenta deformidades que o distanciam do modelo de "belo" e "perfeito" forjado pela cultura "machista" e pelo marketing das sociedades capitalistas. Este pano de fundo está implícito na manifestação da sexualidade humana e, como tal, necessita ser aprendido e compreendido pelos profissionais da Saúde, em especial por aqueles que actuam no processo de reabilitação dos portadores de deficiência física. É necessário que se incorporem acções terapêuticas voltadas para a reabilitação sexual dessas pessoas para ajudá-las a superar suas dificuldades. Assim procuramos caminhos para que possam exercitar a sua sexualidade o mais plenamente possível, com a obtenção do prazer físico e psíquico, factores contribuintes para sua reintegração social saudável.


EDUCAÇÃO E SAÚDE SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SURDOS

No Ensino, as questões relacionadas à sexualidade têm sido trabalhadas, durante estes anos, na sala de aula. No caso de alunos menores, o assunto era tratado pelo próprio professor da classe, com a supervisão do Orientador Educacional. No caso de adolescentes, o tema era abordado por professores com os quais eles manifestavam uma relação de maior afinidade e confiança. Os temas abordados eram introduzidos e aprofundados, na medida em que o próprio grupo desencadeava questões de seu interesse, o que não acontecia com frequência. Reflectindo sobre a importância de se criar um espaço para abordar estas questões, em virtude também da nossa realidade social actual, haja vista o crescente número de casos de sida e gravidez entre adolescentes, viabilizamos então a proposta de inclusão deste tema no currículo escolar, a partir dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais, que vieram não só confirmar esta necessidade, mas também orientar professores e a equipa pedagógica na sistematização deste projecto. A escolha do profissional escolhido para este trabalho foi determinada a partir de um perfil que, além do vínculo afectivo com esta clientela, também incluísse a formação em Orientação Educacional e experiência com adolescentes. O Programa de Educação e Saúde Sexual tem como objectivos principais possibilitar ao aluno, a partir dos valores que trazem de casa, não só acalmar as suas ansiedades, conhecendo o seu corpo, conferindo os seus sentimentos e pesquisando informações para as suas dúvidas e conflitos, mas também favorecer a reflexão sobre a sua sexualidade de uma forma mais ampla, possibilitando assim o exercício da sexualidade de forma mais respeitosa e prazerosa. Cabe ao educador responsável por este trabalho informar, promover debates, reflexões e investigações sobre variados temas, bem como possibilitar a ampliação do conhecimento do aluno a respeito das diferentes culturas e valores existentes nos diversos grupos sociais, levando-o a questionar opções e tornando-o capaz de escolher seu próprio caminho. Respeitando a diversidade dos grupos enquanto maturidade física, cognitiva e emocional, este trabalho vem sendo desenvolvido a partir das dúvidas e curiosidades trazidas pelos grupos, aprofundando-as e discutindo-as na medida em que vão surgindo. Temas como diferenças sexuais, concepção, fecundação e gravidez têm sido uma constante no trabalho com alunos pouco maduros, que ainda não têm manifestado interesse em debater a sua própria sexualidade. Já com alunos mais maduros, o foco de interesse encontra-se justamente em sua própria sexualidade. Têm surgido principalmente dúvidas quanto a relação sexual, virgindade, masturbação, anticoncepcionais, sida e gravidez. Temas como Doenças Sexualmente Transmissíveis, prostituição, intimidade e pornografia também foram abordados. Num clima de respeito e interesse entre o grupo, estes temas têm sido trabalhados através de diversas metodologias, entre elas: pesquisas, debates, leitura de materiais levados pelo grupo, confecção de materiais, filmes e troca de experiências entre as classes. As avaliações têm ocorrido durante todo o processo, quando o aluno pode manifestar-se oralmente ou por escrito sobre novos temas de interesse, dúvidas em relação ao tema trabalhado e sobre sua própria dificuldade ou não em participar de cada metodologia. Porém é consenso que este trabalho veio não só auxiliá-los em relação ao conhecimento de si mesmos e nas suas dúvidas, mas principalmente capacitá-los, a partir deste conhecimento, a discernir e optar por aquilo que consideram o melhor para si mesmos.


O ADOLESCENTE COM DEFICIÊNCIA MENTAL E SUA SEXUALIDADE

O deficiente mental, como qualquer outro indivíduo, tem necessidade de expressar seus sentimentos de modo próprio e intransferível. A repressão da sexualidade, nestes indivíduos, pode alterar seu equilíbrio interno, diminuindo as possibilidades de se tornar um ser psiquicamente integral. Por outro lado, quando bem encaminhada, a sexualidade melhora o desenvolvimento afectivo, facilitando a capacidade de se relacionar, melhorando a auto-estima e a adequação à sociedade. A discussão do tema sexualidade em nossa cultura vem acompanhada de preconceito e discriminação. Quando o tema passa a ser sexualidade no deficiente mental, o preconceito e a discriminação são intensificados e geram polémica quanto às diferentes formas de abordá-lo, tanto com os próprios adolescentes, quanto com suas famílias e na escola. É importante lembrar que a sexualidade é uma função natural, existente em todos os indivíduos. Pode-se expressar no seu componente afectivo, erótico ou afetivo-erótico. Dois entendidos, apontam a importância de reconhecer que nem todas as pessoas deficientes são semelhantes nas suas capacidades de aprendizado e independência, estabilidade emocional e habilidade social. Apesar das diferenças entre os deficientes, quase todos são capazes de aprender a desenvolver algum nível de habilidade social e conhecimento sexual. Isso pode incluir habilidade para diferenciar comportamento apropriado e não apropriado e para desenvolver um senso de responsabilidade de cuidados pessoais e relacionamento com os outros. A melhora dos cuidados de saúde e o avanço social que as pessoas com deficiência mental vêm alcançando, nas últimas décadas, têm sido muito grande. Actualmente, por meio do processo de inclusão social, os deficientes mentais leves e moderados são capazes de viver integrados na comunidade e, portanto, expostos a riscos, liberdades e responsabilidades. Essas pessoas, durante a adolescência, devem conhecer as transformações físicas e sociais que ocorrem neste período particular de vida.
Um dos referidos anteriormente, discute algumas das crenças mais comuns, relacionadas à sexualidade e deficiência:

Crença 1: Jovens com deficiência não são sexualmente activos.
Embora alguns adolescentes, com deficiência profunda, possam ser menos aptos que seus pares para serem sexualmente activos, a crença é infundada, pois não se deve assumir que a condição de deficiência por si só, preveja o comportamento sexual.

Crença 2: As aspirações sociais e sexuais de pessoas com deficiência são diferentes dos seus pares.
Apesar do isolamento social que muitos deficientes vivenciam, estudos demonstram que estes jovens gostariam de ter relações sexuais, de casar e de ter filhos. Na verdade, o que ocorre é que essas pessoas têm menos oportunidades de explorar alguma relação com seus semelhantes, o que dificulta o alcance de suas aspirações.

Crença 3: Problemas quanto à expressão sexual do deficiente ocorrem em função de sua deficiência.
Estudos demonstram que problemas físicos e mentais têm menor influência sobre a expressão sexual do deficiente do que sua integração social. Os deficientes têm maior possibilidade do que os jovens "normais" de ficar isolados da sociedade. Se a expressão sexual ocorre num contexto social, então o isolamento tem, como consequência, a incapacidade do deficiente em aprender e desenvolver habilidades sociais. A conduta sexual é aprendida, formada e reforçada por factores ambientais. Os ambientes integrados oferecem maiores probabilidades de reforçar condutas integradas.

Crença 4: Pais de adolescentes com deficiência proporcionam suficiente educação sexual para seus filhos.
Uma das consequências do isolamento social, para estes jovens, é que eles recebem menos informações sobre sexualidade, reprodução, contracepção e prevenção da sida. Estudos mostram que a maioria dos jovens deficientes nunca recebeu educação sexual.

Crença 5: Jovens com deficiências são sexualmente vulneráveis a assédios sexuais.
Essa preocupação sobre a vulnerabilidade de adolescentes deficientes parece ter fundamento. Portanto, o médico que trabalha com esses jovens deve discutir essas preocupações com eles e com seus pais e não esperar que os pais expressem esses receios. Para alguns adolescentes, apenas a educação sexual será suficiente. Para outros, precisará ser complementado com contracepção. Por tudo isso, fica claro que, desde muito cedo, esses adolescentes necessitam conhecer atitudes saudáveis em relação ao seu corpo e às funções desse corpo. Qualquer que possa ser o interesse ou o conhecimento sexual desses jovens, eles devem entender tudo o que for possível sobre sexualidade. Se a eles é oferecida a vantagem da integração, também devem ser orientados em relação a habilidades e atitudes de comportamento social apropriada.

Deficiência Visual


Visão
A visão é um dos sentidos que nos ajuda a compreender o mundo à nossa volta, ao mesmo tempo que nos dá significado para os objectos, conceitos e ideias.
A comunicação por meio de imagens e elementos visuais relacionados é denominada "comunicação visual". Os humanos empregam-na desde o amanhecer dos tempos. Na realidade, ela é predadora de todas as linguagens escritas.


Deficiência Visual
Deficiência visual é a perda ou redução da capacidade visual em ambos os olhos, com carácter definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes e/ou tratamento clínico ou cirúrgico.
De entre os deficientes visuais, podemos ainda distinguir os portadores de cegueira e os de visão subnormal.


Causas da Deficiência Visual
• Congénitas: amaurose congénita de Leber, malformações oculares, glaucoma congénito, catarata congénita.
• Adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, alterações relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.


Como identificar?
• Desvio de um dos olhos;
• Não seguimento visual de objectos;
• Não reconhecimento visual de pessoas ou objectos;
• Baixo aproveitamento escolar;
• Atraso de desenvolvimento.


Sinais de alerta
• Olhos vermelhos, inflamados ou lacrimejantes;
• Pálpebras inchadas ou com pus nas pestanas;
• Esfregar os olhos com frequência;
• Fechar ou tapar um dos olhos, sacode a cabeça ou estende-a para a frente;
• Segura os objectos muito perto dos olhos;
• Inclina a cabeça para a frente ou para trás, pisca ou semicerra os olhos para ver os objectos que estão longe ou perto;
• Quando deixa cair objectos pequenos, precisa de tactear para os encontrar;
• Cansa-se facilmente ou distrai-se ao aplicar a vista muito tempo.



Consequências da Baixa Visão
Percepção Turva
• Os contrastes são poucos perceptíveis;
• As distâncias são mal apreciadas;
• Existe uma má percepção do relevo;
• As cores são atenuadas.

Escotoma Central e Visão Periférica
• Funciona apenas a retina periférica, que não é tão
discriminativa, pelo que pode ser necessária a ampliação
da letra para efeitos de leitura;
• É em geral impeditiva das actividades realizadas com proximidade dos restantes elementos ,bem como da leitura;
• Apresenta acuidade visual baixa (cerca de 1/10).

Visão Tubular
• A retina central funciona, podendo a acuidade visual ser normal;
• A visão nocturna é reduzida, pois depende funcionalmente da retina periférica;
• Podendo não limitar a leitura, é muito limitativa das actividades de autonomia.


Patologias que conduzem à baixa visão
Atrofia do Nervo Óptico:
• Degenerescência das fibras do nervo óptico. Se for total, não há percepção luminosa.

Alta miopia:
• Baseia-se num defeito de refracção elevado (> a 6 dioptrias), que frequentemente é hereditário, associado a outros aspectos degenerativos. O risco do deslocamento da retina é elevado, nesse caso, devem ser tomadas precauções necessárias.

Cataratas Congénitas:
• Perda de transparência do cristalino, originando perturbações na diminuição da acuidade visual. A visão periférica também está normalmente afectada, daí existir uma grande dependência na funcionalidade e na autonomia.

Degeneração macular:
• Situa-se, na zona central da retina, mácula, e constitui uma das causas mais frequentes de dependência visual ligada à idade. Outras patologias surgem em escalões etários mais jovens (ex.: queimadura da mácula – eclipse solar). A visão periférica não sofre alterações pelo que não há problemas na mobilidade. A visão central é afectada por escotomas que podem progredir.

Glaucoma:
• É uma patologia do olho em que a pressão intra-ocular é elevada por produção excessiva ou deficiência na drenagem do humor aquoso.
• O glaucoma agudo é mais raro, doloroso e normalmente implica intervenção cirúrgica no seu tratamento.

Outras Retinopatias
• Degenerescência da retina que poder ser hereditária ou não. Envolve perda de visão e consequentes problemas na mobilidade, ficando a pessoa com visão tubular.

Síndroma USHER
• Associa a retinopatia pigmentar à patologia auditiva, afectando simultaneamente a visão e a audição.

Doença de Stargardt
• Consiste em diversos escotomas do centro para a periferia da retina, mantendo-se quase sempre um ilhéu central de visão.


O aluno deficiente visual…
Características da Criança Deficiente Visual
- A criança deficiente visual é aquela que difere da média, a tal ponto que irá necessitar de professores especializados, adaptações curriculares e ou materiais adicionais de ensino, para ajudá-la a atingir um nível de desenvolvimento proporcional às suas capacidades;
•Os alunos com deficiência visual não constituem um grupo homogéneo;
• Os portadores de deficiência visual apresentam uma variação de perdas que se poderão manifestar em diferentes graus de acuidade visual;


Adaptações educacionais para os Deficientes Visuais
• A educação da criança deficiente visual pode se processar por meio de programas diferentes, desenvolvidos em classes especiais ou na classe comum, recebendo apoio do professor especializado;
• As crianças necessitam de uma boa educação geral, somada a um tipo de educação compatível com seus requisitos especiais, fazendo ou não, uso de materiais ou equipamentos de apoio.
• A educação do deficiente visual necessita de professores especializados nesta área, métodos e técnicas específicas de trabalho, instalações e equipamentos especiais, bem como algumas adaptações ou adições curriculares;
• A tendência actual da educação especial é manter na escola comum o maior número possível de crianças com necessidades educativas especiais;
• Cabe à sociedade a responsabilidade de prover os auxílios necessários para que a criança se capacite e possa integrar-se no grupo social.


Princípios da Educação do Deficiente Visual
• Individualização
• Concretização
• Ensino Unificado
• Estímulo Adicional
• Auto-Actividade


Estimulação dos sentidos:
• Estimulação visual
• Estimulação do tacto
• Estimulação auditiva
• Estimulação do olfacto e do paladar


Estimulação visual
• Motivar a criança a alcançar, tocar, manipular e reconhecer o objecto;
• Ensinar a “olhar” para o rosto de quem fala;
• Ajustar uma área onde a criança possa brincar em segurança e onde os objectos estejam ao alcance dos seus braços;
• O educador pode usar fita-cola de diferentes cores para contrastarem com os objectos da criança, de modo a torná-los mais visíveis.


Estimulação do tacto
• Descriminar diferentes texturas;
• Experimentar materiais com formas e feitios com contornos nítidos e cores vivas;
• Distinguir a temperatura dos líquidos e sólidos;
• Mostrar como pode manipular o objecto.


Estimulação auditiva
• Ouvir barulhos ambientais, gravadores, rádios…;
• Identificar sons simples;
• Distinguir timbres e volumes dos sons;
• Discriminar a diferença entre duas frases quase iguais;
• Desenvolver a memória auditiva selectiva.


Estimulação do olfacto e do paladar
• Provar e cheirar diferentes comidas (salgadas, doces e amargas);
• Cheirar vinagre, perfumes, detergentes, sabonetes e outros líquidos com cheiros fortes.


Programa pré-escolar
Quando em idade pré-escolar, a criança deficiente visual necessita que se dê importância à “rapidez,” para que atinja o mesmo nível que os colegas normo-visuais.
Para tal é particularmente importante que ela desenvolva :
• capacidades motoras ;
• capacidades da linguagem;
• capacidades discriminativas e perceptivas .


Entrada para a escola
À entrada para a escola a Criança D.V. deve:
• Compreender o seu corpo;
• Ter a lateralidade desenvolvida;
• Estar desenvolvido no Tacto;
• Estar desenvolvido auditivamente


Reabilitação
A Reabilitação é essencial no processo de inserção na sociedade, dado que a redução ou a privação da capacidade de ver traz consequências para a vida do indivíduo, tanto no nível pessoal como no funcional, colocando-o, na maioria das vezes, à margem do processo social, segurança psicológica e nas habilidades básicas;


Sala de recursos
• Estas salas podem estabelecer uma alternativa de qualidade se tivermos em conta determinadas características, tais como:
• necessidade de um apoio individualizado;
• necessidade de um currículo com objectivos funcionais;
• ambientes estruturados e securizantes;
• equipamentos e materiais específicos;
• problemas de saúde graves;
• necessidade de gestão de tempos específicos.


Currículo escolar e a deficiência visual
• Os programas educativos direccionados para os deficientes visuais devem ir ao encontro das mesmas áreas e actividades que se encontram nos programas regulares(sendo feitas adaptações consoante as necessidades e dificuldades dos alunos).


O reforço pedagógico e a coordenação Técnico - Docente
• Ajuste do tempo ao seu ritmo de trabalho;
• Planificação de Actividades;
• Adaptação do Processo de Avaliação.


Orientação e movimentação da Criança com D.V. no espaço
• Processo prolongado e sequenciado que deve começar o mais cedo possível.
- As técnicas mais utilizadas são:
• Guia normovisual;
• Uso da bengala;
• Cão Guia;
• Etc.


A aprendizagem da criança com deficiência visual
• A capacidade de aprendizagem de uma criança não está directamente relacionada com o seu grau de visão;
• Depende do momento em que a criança perdeu a visão.


Adaptação do Espaço
• Serão necessárias adaptações no espaço se a dificuldade de visão for acrescida de outras;
- Conhecer o ambiente escolar;
- Na sala de aula é necessário:
• Comunicação Oral;
• Condições de iluminação;
• Organização do espaço e dos materiais;
• Estratégias e recursos.


Avaliação Clínica
- A Equipa deve ser constituída por:
• Professor do Ensino regular;
• Serviços Especializados de A.E.;
• Oftalmologista;
• Ortoptista;
• Técnico de Reabilitação;
• Psicólogo;
• Técnico de Serviço Social;


Avaliação funcional
• Consiste em avaliar os aspectos funcionais da visão e as suas implicações educacionais;
• Ocorre em contextos naturais e implica recolha de elementos relativos à forma como a pessoa utiliza a sua visão em ambientes com condições diferentes;


Avaliação
• A avaliação deve ter em conta:
– Idade do início das dificuldades visuais;
– Modo de progressão da perda de visão- lento ou abrupto;
– Causa dessas dificuldades – sistémica (ex. diabetes), ou confinada ao olho;
– Se a patologia é hereditária, congénita, ou adquirida (antes dos 5 anos ou após este período);
– Se o prognóstico é estacionário ou evolutivo.

• A avaliação para ser eficaz deve:
– Utilizar formas de comunicação que a criança/jovem compreenda;
– Incluir objectos e materiais familiares interessantes;
– Apresentar esses materiais e objectos de forma contextualizada, baseada numa aprendizagem significativa e estruturada;
– Organizar e provocar situações de aprendizagem estruturada mediante a utilização de objectos e materiais, apresentados em contextos naturais.

Deficiência Auditiva


A audição…

A audição, tal como os restantes sentidos, é muito importante para o nosso desenvolvimento como indivíduo, como parte da sociedade.
Já antes do nosso nascimento, a audição é o primeiro sentido a ser apurado, através do diálogo da mãe com o seu bebé, dos novos sons, do conhecimento do mundo que nos rodeia.

É através desta que comunicamos com o mundo e este se comunica connosco, desenvolvendo assim a nossa identidade, os nossos sentimentos, a compreensão do mundo que está à nossa volta, os vínculos sociais, as interacções intra e inter – pessoais e, não esquecendo, o modo como manifestamos os nossos anseios e necessidades.

Definição de Deficiencia Auditiva
A deficiência auditiva, trivialmente conhecida como surdez, consiste na perda parcial ou total da capacidade de ouvir, isto é, um indivíduo que apresente um problema auditivo.

É considerado surdo todo o individuo cuja audição não é funcional no dia-a-dia, e considerado parcialmente surdo todo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
A deficiência auditiva é uma das deficiências contempladas e integradas nas necessidades educativas especiais (n.e.e.); necessidades pelas quais a Escola tanto proclama.


Qual a diferença entre surdez e deficiência auditiva?

Por vezes, as pessoas confundem surdez com deficiência auditiva. Porém, estas duas noções não devem ser encaradas como sinónimos.
A surdez, sendo de origem congénita, é quando se nasce surdo, isto é, não se tem a capacidade de ouvir nenhum som. Por consequência, surge uma série de dificuldades na aquisição da linguagem, bem como no desenvolvimento da comunicação.
Por sua vez, a deficiência auditiva é um défice adquirido, ou seja, é quando se nasce com uma audição perfeita e que, devido a lesões ou doenças, a perde. Nestas situações, na maior parte dos casos, a pessoa já aprendeu a se comunicar oralmente. Porém, ao adquirir esta deficiência, vai ter de aprender a comunicar de outra forma.
Em certos casos, pode-se recorrer ao uso de aparelhos auditivos ou a intervenções cirúrgicas (dependendo do grau da deficiência auditiva) a fim de minimizar ou corrigir o problema.

Tipos de deficiência auditiva
• Deficiência Auditiva Condutiva
• Deficiência Auditiva Sensório-Neural
• Deficiência Auditiva Mista
• Deficiência Auditiva Central / Disfunção Auditiva Central / Surdez Central
Deficiência Auditiva Condutiva

A perda de audição condutiva afecta, na maior parte das vezes, todas as frequências do som. Contudo, por outro lado, não se verifica uma perda de audição severa.
Este tipo de perda de capacidade auditiva pode ser causada por doenças ou obstruções existentes no ouvido externo ou no ouvido interno. A surdez condutiva pode ter origem numa lesão da caixa do tímpano ou do ouvido médio.
É vulgar nos adultos a perda de audição condutiva, devido ao depósito de cerúmen (cera) no canal auditivo externo. Nas crianças, a otite média, uma inflamação do ouvido médio, é a causa mais comum de perda de audição condutiva.

Deficiência Auditiva

Sensório-Neural
A perda de audição neurossensorial resulta de danos provocados pelas células sensoriais auditivas ou no nervo auditivo. Este tipo de perda pode dever-se a um problema hereditário num cromossoma, assim como, pode ser causado por lesões provocadas durante o nascimento ou por lesões provocadas no feto em desenvolvimento, tal como acontece quando uma grávida contrai rubéola.
A sujeição a ruídos excessivos e persistentes aumenta a pressão numa parte do ouvido interno – o labirinto – e pode resultar numa perda de audição neurossensorial. Essa perda pode variar entre ligeira e profunda. Nestes casos, o recurso à amplificação do som pode não solucionar o problema, uma vez que é possível que se verifique distorção do som.

Deficiência Auditiva Mista
Na deficiência auditiva mista verifica-se, conjuntamente, uma lesão do aparelho de transmissão e de recepção, ou seja, quer a transmissão mecânica das vibrações sonoras, quer a sua transformação em percepção estão afectadas/perturbadas.
Esta deficiência ocorre quando há alteração na condução do som até ao órgão terminal sensorial ou do nervo auditivo. A surdez mista ocorre quando há ambas as perdas auditivas: condutivas e neurossensoriais.

Deficiência Auditiva Central / Disfunção Auditiva Central / Surdez Central
A deficiência auditiva Central, Disfunção Auditiva Central ou Surdez Central não é, necessariamente, acompanhada de uma diminuição da sensibilidade auditiva. Contudo manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na percepção e compreensão das quaisquer informações sonoras. Este tipo de deficiência é determinado por uma alteração nas vias centrais da audição. Tal, decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral, ou seja, no Sistema Nervoso Central.

Classificação BIAP
(Bureau International d’Audiophonologic)
Graus de surdez:
- Leve – entre 20 e 40 dB
- Média – entre 40 e 70 dB
- Severa – entre 70 e 90 dB
- Profunda – mais de 90 dB
• 1º Grau: 90 dB
• 2º Grau: entre 90 e 100 dB
• 3º Grau: mais de 100 dB


Como minimizar o problema da deficiência auditiva?
Os progressos tecnológicos dos últimos tempos têm sido pontos bastante rentáveis para as pessoas que apresentam falhas auditivas.
Porém, quanto mais cedo se iniciar o tratamento para estes indivíduos, também melhor serão os resultados, uma vez que quanto mais cedo se iniciar a estimulação do cérebro, melhor será o seu desenvolvimento.
Para minimizar o problema da deficiência auditiva, as pessoas podem recorrer a dois métodos:
• método oralista
• método gestualista
Ou ainda…
•Prótese auditivas
• Equipamentos autónomos de amplificação por frequência modulada

Método Oralista e Método Gestualista
Existem dois métodos fundamentais para melhorar um tratamento na pessoa deficiente auditiva:
• O método oralista, que somente se baseia na aquisição de linguagem oral, sem intervenção de gestos estruturados.
• O método gestualista que, para além de um ensino de linguagem oral, ainda apresenta um sistema estruturado de gestos. Este último baseia-se na defesa da linguagem gestual.


Próteses auditivas e outros equipamentos
Ainda que, por muito cedo a pessoa portadora de deficiência auditiva comece a usar próteses auditivas, estas vão intervir com o seu auto-reconhecimento, com a sua imagem pessoal, afastando-a simbolicamente da comunidade surda, ainda que a língua gestual possa ser a sua língua materna. As próteses auditivas, por serem aparelhos visíveis e facilmente detectáveis à observação directa, farão com que o indivíduo tenha de se adaptar a esta nova realidade, para assim se integrar de uma melhor forma na sociedade.
Contudo, nem sempre isto é conseguido, uma vez que a maior parte das pessoas rejeitam estes aparelhos.
As próteses auditivas são aparelhos que servem para ampliar o som. Contudo, é através do uso e do treino auditivo especializado que se vão conseguindo alcançar alguns resultados.
Toda esta tecnologia que tem vindo a ser falada ao longo dos tempos, tem, gradualmente, vindo a ajudar as pessoas deficientes auditivas, permitindo-nos também dispor de alguns aparelhos de amplificação de sons são bastante úteis.

Existem ainda os equipamentos autónomos de amplificação por frequência modulada, que transmitem o sinal sonoro mediante ondas de alta-frequência.
Estes equipamentos evitam interferências, reduzem o ruído ambiente e eliminam o problema de distância entre interlocutores.
Para o treino da terapia da fala existem amplificadores de bandas de frequência mais especializados, que possuem filtros de frequência que deixam passar somente as frequências que a terapeuta quer trabalhar no momento. Ainda para os surdos mais profundos, pode aplicar-se a tecnologia de tratamento electrónico de sons, traduzindo-os em vibrações, que se percebem pelo tacto.
A nível informático é onde se denotam as principais evoluções para o desenvolvimento da aprendizagem de um surdo. Os computadores estão suficientemente preparados e avançados, de tal forma que estes possuem uma grande capacidade de motivação para os alunos. A comunicação é bidireccional e cada computador pode adaptar-se ao ritmo de trabalho de cada aluno. A correcção dos exercícios é imediata e possui ainda um grande poder de simulação de fenómenos físicos.
O diagnóstico que inicialmente se faz à pessoa deficiente auditiva vai depender muito de alguns factores, tais como: o grau de surdez, o momento em que aparece e em que é detectada a deficiência e até mesmo do próprio indivíduo.
Em alguns casos, o grau de surdez é tão profundo que temos que recorrer a implantes cocleares, com resultados muito prometedores. Os implantes cocleares são aparelhos auditivos com um componente interno introduzido no ouvido interno (através de uma operação) e de um outro, externo, semelhante a uma prótese auricular, ligada a um processador. A colocação desta prótese faz-se através de uma intervenção cirúrgica.
O resultado deste implante é positivo, visto a qualidade do tom de voz melhorar, a fala torna-se mais rítmica, há uma melhor habilidade de produzir fonemas e uma melhor frequência das verbalizações. As pessoas apresentam, ainda, melhor atenção e concentração, mais interesse a falar, fazem menos barulho em casa e conseguem identificar sons ambientais.
Ao contrário do que é pensado por muitas pessoas, nunca se deve falar alto na presença destas pessoas, pois de nada vai adiantar. O docente deverá falar pausada e distintamente, para que o indivíduo compreenda o que está a ser dito. Não nos devemos esquecer que estas pessoas utilizam muitas vezes a leitura labial. Portanto, enquanto está a falar, deverá posicionar-se sempre à sua frente.


O Deficiente auditivo e a Sociedade…
Durante muitos anos, os indivíduos portadores de deficiências eram considerados pela sociedade como sendo aberrações da natureza. Estes eram consequentemente associados à imagem do diabo e a actos de feitiçaria por serem diferentes dos restantes membros da sociedade.
As perseguições, os julgamentos e até mesmo as mortes foram, na Idade Média, a forma “mais eficaz” de resolver estes problemas.
As pessoas com deficiências auditivas não fugiram à regra, sendo vítimas de muitas destas perseguições, uma vez que eram vistas como pessoas diferentes e, portanto, incompreensíveis aos olhos de quem as rodeava.
Porém, a partir do séc. XX, os portadores de deficiências passam a ser vistos como cidadãos com direitos e deveres de participação na sociedade, mas sob uma óptica assistencial e caritativa.
A primeira directriz política dessa nova visão aparece em 1948 com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. "Todo ser humano tem direito à educação."
A partir de então, vários foram os progressos que se fizeram nesse mesmo sentido, até que nos encontramos, actualmente, perante uma mentalidade muito mais aberta, justa, …


Todas as deficiências:
Sendo portador de uma deficiência, posso participar em actividades culturais, desportivas ou recreativas?
Sim, uma vez que são actividades a que todos têm direito e constituem uma necessidade como meio de ocupação qualificada de tempos livres, de aumento dos níveis de integração social e de reabilitação.


Quais os desportos que um deficiente pode praticar?
Qualquer desporto ou modalidade desportiva pode ser praticado(a) por qualquer pessoa portadora de deficiência(s), seja qual for a deficiência.
Poderá escolher qualquer modalidade desde que se sinta com capacidade para a praticar, ainda que com o apoio de uma ajuda técnica ou de um dispositivo de compensação.