Estudos da Língua Brasileira de Sinais III
Série Estudos de Língua de Sinais
Volume III
Volume III
Organizadores: Ronice Müller de Quadros e Markus J. Weininger
ISBN: 978-85-7474-765-1
Páginas: 288 il.
Peso: 390g
Ano: 2014
Projeto gráfico, diagramação e capa: Rita Motta
Páginas: 288 il.
Peso: 390g
Ano: 2014
Projeto gráfico, diagramação e capa: Rita Motta
O volume 3 da Série Estudos de Línguas de Sinais reúne onze pesquisas recentes da área de Estudos da Tradução e Interpretação de Línguas de Sinais e Estudos Linguísticos das Línguas de Sinais e um relato de experiência.
Os textos aqui reunidos mostram de forma clara os resultados de dois avanços na nossa área: primeiramente a migração da pesquisa em línguas de sinais da área de educação para a área de Estudos da Tradução e Interpretação. Neste novo contexto, libras é “apenas” mais uma língua estrangeira com o seu respectivo universo cultural. Porém, “apenas” não significa uma degradação, muito antes pelo contrário, é a emancipação acadêmica da língua de sinais e a libertação do estigma da deficiência. Em segundo lugar, é resultado do investimento em pesquisas no nível de pós-graduação nos últimos anos. A nova geração de pesquisadores surdos e ouvintes usa metodologias sofisticadas com naturalidade e excelentes resultados. Certamente, uma maior compreensão de aspectos relevantes da nossa área será um dos frutos do seu esforço, ao mesmo tempo motivando e encorajando outras pesquisas relacionadas.
Assim, o levantamento de Neiva de Aquino Albres e a introdução do texto de Carlos Henrique Rodrigues trazem uma avaliação das pesquisas mais recentes nas duas áreas que mostra o avanço considerável em termos de quantidade e qualidade dos estudos na nossa área ao longo dos últimos anos. Destacam a entrada da perspectiva dos estudos da tradução aplicada à área de Estudos das Línguas de Sinais e o uso de ferramentas tecnológicas como recursos de gravação e edição de registros em vídeo ou ferramentas de transcrição e análise como o ELAN (Eudico Linguistic Annotator), utilizado também na maioria dos estudos desse volume.
A análise detalhada do processo de interpretação PB-Libras por intérpretes profissionais experientes CODAs e Não-Codas efetuada por Carlos Henrique Rodrigues, baseada na Teoria da Relevância, lança uma nova luz sobre facetas e nuanças da interpretação e permite a conclusão que não necessariamente há uma diferença entre as formas de interpretação dos dois grupos.
A contribuição de Markus J. Weininger discute alguns aspectos teóricos mais gerais da função da linguagem para a constituição da identidade linguística e salienta a necessidade de analisar e aplicar aspectos sociolinguísticos e prosódicos para uma interpretação bem-sucedida no par de línguas PB-Libras.
Aline Miguel da Silva analisa a participação de alunos surdos nas aulas de mestrado intermediadas por intérpretes e constata a existência de uma “cúpula de vidro” formada pelos usuários da língua de sinais que constitui uma zona de conforto tanto para os alunos surdos e os intérpretes quanto para os professores e alunos ouvintes, porém cria obstáculos para uma integração maior dos alunos surdos no discurso da sala de aula.
O trabalho de Natália Schleder Rigo investigou o tema da tradução de canções para libras com grande sensibilidade para desmascarar atitudes implicitamente ouvintistas e desmistificar tabus na polêmica tentativa de tentar uma forma de acesso dos surdos a esse produto cultural ouvinte. Ao averiguar diferenças entre sinalizantes surdos e ouvintes em três gêneros musicais (hinos, canções religiosas e música popular) em um grande número de critérios analisados, ela acaba destilando algumas sugestões como proceder de forma mais satisfatória nessa área.
Bruno Ramos, Eliane Cristina Reis e Marylin Mafra Klamt analisam a tradução cultural de um poema originalmente escrito em língua indígena e espanhol para libras, não apenas transpondo o contexto de exploração e repressão de uma minoria para a cultura alvo, mas ao mesmo tempo aplicando avanços na teoria da tradução de poesia na tradição do funcionalismo alemão.
Para encerrar essa seção do presente volume, Markus J. Weininger e Mylene Queiroz dão um retrato da situação da interpretação de língua de sinais na área da saúde no Brasil, baseado em dados levantados mediante um questionário on-line anônimo, respondido por mais de quarenta profissionais e constatando que faltam intérpretes qualificados e uma oferta de qualificação para esta modalidade.
Na seção de Estudos Linguísticos das Línguas de Sinais juntamos quatro pesquisas pioneiras que abrangem a aquisição da língua de sinais por crianças bilíngues bimodais, a aprendizagem do inglês como LE por alunos surdos, a análise linguística de padrões simétricos na poesia em libras e indicadores de formalidade na tradução de editais para libras.
O estudo pioneiro de Rodrigo Custódio da Silva usa a análise dos critérios espaço de sinalização, velocidade de sinalização, soletrações manuais, expressões faciais e parâmetros totalmente articulados para constatar que mesmo com diferenças entre os estilos tradutores-atores pesquisados, claramente existe um registro formal consistente de libras para textos oficiais monológicos.
De forma semelhante, o estudo de Marilyn Mafra Klamt, Fernanda de Araújo Machado e Ronice Müller de Quadros mostra a existência consistente de padrões de ritmo e simetria na análise de três poemas em língua brasileira de sinais.
Bruna Crescêncio Neves analisou a constituição de narrativas por crianças bilíngues bimodais com destaque ao uso do espaço referencial fixo e transferido e a diversificação dos componentes narrativos ao longo do crescimento da capacidade linguística das crianças dos quatro aos oito anos, constatando o desenvolvimento de proficiência completa nos dois idiomas pelas crianças bilíngues bimodais.
A pesquisa de Aline Nunes de Sousa mostra a bem-sucedida iniciativa de ensino bilíngue comunicativo de inglês escrito como L3 para alunos surdos (que necessitam acesso ao idioma no contexto acadêmico) através de atividades criativas e motivadoras para a leitura e escrita além de análises comparativas com a estrutura da L2 (português), usando libras como língua de ensino.
Para finalizar, o depoimento da própria experiência como CODA de Sônia Marta Oliveira traz uma reflexão ao mesmo tempo profunda e poética sobre a constituição da identidade cultural e linguística das crianças que transitam nos dois mundos e nas duas culturas e por isso conseguem atuar em ambos de forma eficaz para contribuírem com a diminuição da distância e aumentar a consciência do valor de cada um.
Os textos aqui reunidos mostram de forma clara os resultados de dois avanços na nossa área: primeiramente a migração da pesquisa em línguas de sinais da área de educação para a área de Estudos da Tradução e Interpretação. Neste novo contexto, libras é “apenas” mais uma língua estrangeira com o seu respectivo universo cultural. Porém, “apenas” não significa uma degradação, muito antes pelo contrário, é a emancipação acadêmica da língua de sinais e a libertação do estigma da deficiência. Em segundo lugar, é resultado do investimento em pesquisas no nível de pós-graduação nos últimos anos. A nova geração de pesquisadores surdos e ouvintes usa metodologias sofisticadas com naturalidade e excelentes resultados. Certamente, uma maior compreensão de aspectos relevantes da nossa área será um dos frutos do seu esforço, ao mesmo tempo motivando e encorajando outras pesquisas relacionadas.
Assim, o levantamento de Neiva de Aquino Albres e a introdução do texto de Carlos Henrique Rodrigues trazem uma avaliação das pesquisas mais recentes nas duas áreas que mostra o avanço considerável em termos de quantidade e qualidade dos estudos na nossa área ao longo dos últimos anos. Destacam a entrada da perspectiva dos estudos da tradução aplicada à área de Estudos das Línguas de Sinais e o uso de ferramentas tecnológicas como recursos de gravação e edição de registros em vídeo ou ferramentas de transcrição e análise como o ELAN (Eudico Linguistic Annotator), utilizado também na maioria dos estudos desse volume.
A análise detalhada do processo de interpretação PB-Libras por intérpretes profissionais experientes CODAs e Não-Codas efetuada por Carlos Henrique Rodrigues, baseada na Teoria da Relevância, lança uma nova luz sobre facetas e nuanças da interpretação e permite a conclusão que não necessariamente há uma diferença entre as formas de interpretação dos dois grupos.
A contribuição de Markus J. Weininger discute alguns aspectos teóricos mais gerais da função da linguagem para a constituição da identidade linguística e salienta a necessidade de analisar e aplicar aspectos sociolinguísticos e prosódicos para uma interpretação bem-sucedida no par de línguas PB-Libras.
Aline Miguel da Silva analisa a participação de alunos surdos nas aulas de mestrado intermediadas por intérpretes e constata a existência de uma “cúpula de vidro” formada pelos usuários da língua de sinais que constitui uma zona de conforto tanto para os alunos surdos e os intérpretes quanto para os professores e alunos ouvintes, porém cria obstáculos para uma integração maior dos alunos surdos no discurso da sala de aula.
O trabalho de Natália Schleder Rigo investigou o tema da tradução de canções para libras com grande sensibilidade para desmascarar atitudes implicitamente ouvintistas e desmistificar tabus na polêmica tentativa de tentar uma forma de acesso dos surdos a esse produto cultural ouvinte. Ao averiguar diferenças entre sinalizantes surdos e ouvintes em três gêneros musicais (hinos, canções religiosas e música popular) em um grande número de critérios analisados, ela acaba destilando algumas sugestões como proceder de forma mais satisfatória nessa área.
Bruno Ramos, Eliane Cristina Reis e Marylin Mafra Klamt analisam a tradução cultural de um poema originalmente escrito em língua indígena e espanhol para libras, não apenas transpondo o contexto de exploração e repressão de uma minoria para a cultura alvo, mas ao mesmo tempo aplicando avanços na teoria da tradução de poesia na tradição do funcionalismo alemão.
Para encerrar essa seção do presente volume, Markus J. Weininger e Mylene Queiroz dão um retrato da situação da interpretação de língua de sinais na área da saúde no Brasil, baseado em dados levantados mediante um questionário on-line anônimo, respondido por mais de quarenta profissionais e constatando que faltam intérpretes qualificados e uma oferta de qualificação para esta modalidade.
Na seção de Estudos Linguísticos das Línguas de Sinais juntamos quatro pesquisas pioneiras que abrangem a aquisição da língua de sinais por crianças bilíngues bimodais, a aprendizagem do inglês como LE por alunos surdos, a análise linguística de padrões simétricos na poesia em libras e indicadores de formalidade na tradução de editais para libras.
O estudo pioneiro de Rodrigo Custódio da Silva usa a análise dos critérios espaço de sinalização, velocidade de sinalização, soletrações manuais, expressões faciais e parâmetros totalmente articulados para constatar que mesmo com diferenças entre os estilos tradutores-atores pesquisados, claramente existe um registro formal consistente de libras para textos oficiais monológicos.
De forma semelhante, o estudo de Marilyn Mafra Klamt, Fernanda de Araújo Machado e Ronice Müller de Quadros mostra a existência consistente de padrões de ritmo e simetria na análise de três poemas em língua brasileira de sinais.
Bruna Crescêncio Neves analisou a constituição de narrativas por crianças bilíngues bimodais com destaque ao uso do espaço referencial fixo e transferido e a diversificação dos componentes narrativos ao longo do crescimento da capacidade linguística das crianças dos quatro aos oito anos, constatando o desenvolvimento de proficiência completa nos dois idiomas pelas crianças bilíngues bimodais.
A pesquisa de Aline Nunes de Sousa mostra a bem-sucedida iniciativa de ensino bilíngue comunicativo de inglês escrito como L3 para alunos surdos (que necessitam acesso ao idioma no contexto acadêmico) através de atividades criativas e motivadoras para a leitura e escrita além de análises comparativas com a estrutura da L2 (português), usando libras como língua de ensino.
Para finalizar, o depoimento da própria experiência como CODA de Sônia Marta Oliveira traz uma reflexão ao mesmo tempo profunda e poética sobre a constituição da identidade cultural e linguística das crianças que transitam nos dois mundos e nas duas culturas e por isso conseguem atuar em ambos de forma eficaz para contribuírem com a diminuição da distância e aumentar a consciência do valor de cada um.
Sumário
Apresentação
Apresentação
PARTE I - Estudos da Tradução e Interpretação de Línguas de Sinais
As novas tendências metodológicas nos estudos da tradução/interpretação entre o par Português/Libras
Neiva de Aquino Albres
A busca por semelhança interpretativa no processo de interpretação simultânea para a língua de sinais
Carlos Henrique Rodrigues
Análise e aplicação de aspectos sociolinguísticos e prosódicos na interpretação Libras-PB
Markus J. Weininger
Análise da participação dos alunos surdos no discurso de sala de aula do mestrado na UFSC mediada por intérpretes
Aline Miguel da Silva
Tradução de canções para língua de sinais: um recorte nos recursos tradutórios empregados por sinalizantes surdos e ouvintes
Natália SchlederRigo
Tradução cultural: performance do poema Javetu em libras, português e espanhol
Bruno Ramos, Eliane Cristina Reis e Marylin Mafra Klamt
Interpretação na área da saúde em Libras-Português: abordagem teórica, retrato da prática e tarefas para o futuro
Markus J. Weininger e Mylene Queiroz
Neiva de Aquino Albres
A busca por semelhança interpretativa no processo de interpretação simultânea para a língua de sinais
Carlos Henrique Rodrigues
Análise e aplicação de aspectos sociolinguísticos e prosódicos na interpretação Libras-PB
Markus J. Weininger
Análise da participação dos alunos surdos no discurso de sala de aula do mestrado na UFSC mediada por intérpretes
Aline Miguel da Silva
Tradução de canções para língua de sinais: um recorte nos recursos tradutórios empregados por sinalizantes surdos e ouvintes
Natália SchlederRigo
Tradução cultural: performance do poema Javetu em libras, português e espanhol
Bruno Ramos, Eliane Cristina Reis e Marylin Mafra Klamt
Interpretação na área da saúde em Libras-Português: abordagem teórica, retrato da prática e tarefas para o futuro
Markus J. Weininger e Mylene Queiroz
PARTE II - Estudos Linguísticos das Línguas de Sinais
Indicadores de formalidades em vídeos de editais traduzidos para Libras
Rodrigo Custódio da Silva
Simetria e ritmo na poesia em língua de sinais
Marilyn Mafra Klamt, Fernanda de Araújo Machado e Ronice Müller de Quadros
Narrativas de crianças bilíngues bimodais
Bruna Crescêncio Neves
Abordagem comunicativa e abordagem bilíngue: uma articulação para o ensino de língua inglesa para surdos
Aline Nunes de Sousa
Relato de experiência
CODA: um mundo, duas culturas? dois mundos, duas culturas?
Sônia Marta de Oliveira
Rodrigo Custódio da Silva
Simetria e ritmo na poesia em língua de sinais
Marilyn Mafra Klamt, Fernanda de Araújo Machado e Ronice Müller de Quadros
Narrativas de crianças bilíngues bimodais
Bruna Crescêncio Neves
Abordagem comunicativa e abordagem bilíngue: uma articulação para o ensino de língua inglesa para surdos
Aline Nunes de Sousa
Relato de experiência
CODA: um mundo, duas culturas? dois mundos, duas culturas?
Sônia Marta de Oliveira
Autores
Débora Campos Wanderley
Evangelina M. Brito de Faria
Fernanda de Araújo Machado
Janine Soares de Oliveira
Lídia da Silva
Márcia Dilma Felício
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
Marianne Rossi Stunpf
Rachel Sutton-Spence
Ramon Dutra Miranda
Ronice Müller de Quadros
Rossana Finau
Tarcísio de Arantes Leite
Victor Hugo Sepúlveda da Costa
Wanilda Maria Alves Cavalcanti
Evangelina M. Brito de Faria
Fernanda de Araújo Machado
Janine Soares de Oliveira
Lídia da Silva
Márcia Dilma Felício
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante
Marianne Rossi Stunpf
Rachel Sutton-Spence
Ramon Dutra Miranda
Ronice Müller de Quadros
Rossana Finau
Tarcísio de Arantes Leite
Victor Hugo Sepúlveda da Costa
Wanilda Maria Alves Cavalcanti
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