A pessoa surdo-cega é
"aquela que tem uma perda substancial da visão e da audição, de tal forma
que a combinação das duas deficiências cause extrema dificuldade na conquista
de metas educacionais, vocacionais, de lazer e sociais", como consta nos
documentos da I Conferência Mundial Helen Keller sobre Serviços para os
Surdo-cegos Jovens e Adultos.
Segundo
informações do Instituto Benjamim Constant, do Rio de Janeiro, o
comprometimento simultâneo de ambos os sentidos varia de pessoa para pessoa.
Alguns surdo-cegos têm audição residual e até a fala, nos casos em que a surdez
evoluiu depois de o indivíduo já ter adquirido a linguagem oral (os chamados
“pós-simbólicos”). Os casos mais graves são os “pré-simbólicos”, de
surdo-cegueira congênita ou adquirida antes da aquisição da linguagem. Estes,
sem dúvida, precisam de mais atenção para desenvolver formas alternativas de
comunicação.
Como lidar com a surdo-cegueira na escola?
Para a
psicopedagoga especialista em Educação Inclusiva, Daniela Alonso, crianças com
surdo-cegueira costumam apresentar problemas na comunicação e na mobilidade.
Podem, também, demonstrar reações de isolamento ou ser hiperativas. Por isso,
contar com o atendimento educacional especializado (AEE) é primordial para a
inclusão, para melhorar da qualidade de vida da pessoa surdo-cega e para a
orientação dos educadores. É importante lembrar que cada caso é único e cada
criança precisa ser estimulada com base em suas habilidades, respeitando-se os
tempos de aprendizagem de cada um.
O
documento do Ministério da Educação, “Saberes e práticas da inclusão.
Dificuldades de comunicação e sinalização: surdo-cegueira e múltipla
deficiência sensorial”, diz que o desenvolvimento da comunicação dos alunos
surdo-cegos exige atendimento especializado, com estimulação específica e
individualizada. Vale lembrar que, quanto mais precoces forem os estímulos,
maiores são as chances de a criança adquirir comportamentos sociais adequados e
usar os sentidos remanescentes com o melhor aproveitamento possível.
A
grande dificuldade das crianças surdo-cegas está, justamente, em desenvolver um
modo de aprendizado que compense a desvantagem visual e auditiva e permita o
relacionamento com o mundo. Por isso, explorar as potencialidades dos sentidos
remanescentes (tato, paladar e olfato) é essencial para a orientação e a
percepção, tanto na escola, quanto fora dela. Tornar a escola um espaço
fisicamente acessível para essas crianças mais um passo imprescindível para
acolhê-las adequadamente.
Uma das
alternativas de comunicação para os surdo-cegos pós-simbólicos consiste no
sistema Tadoma, também conhecido como “Braille Tátil”. Nessa técnica a pessoa
utiliza as mãos para sentir os movimentos da boca, do maxilar e a vibração da
garganta do falante, e assim consegue interpretar o que é dito.
Para os
surdo-cegos pré-simbólicos, o uso do tato também é fundamental. Antecipar
algumas sensações e permitir que sintam a forma dos objetos, associando-os a funções
correlatas – a escova de dente indica um momento de higiene ou a colher anuncia
que uma refeição será servida, por exemplo - facilita a orientação e propicia
um conforto maior para a criança.