sexta-feira, 28 de junho de 2013

Detidos em manifestação em Fortaleza foram liberados

Detidos em manifestação em Fortaleza foram liberados

Quatro foram presos em flagrante e tiveram de pagar fiança.
45 tiveram TCO registrados. 24 adolescentes foram levados à DCA.



Os 49 vândalos presos e os 24 adolescentes apreendidos durante a manifestação realizada na tarde de quinta-feira (28), em Fortaleza, já foram liberados. De acordo com a titular do 16º Distrito Policial, Marília Fernandes, quatro foram presos em flagrante depredando um ônibus que levava torcedores à Arena Castelão.
Segundo Marília, 45 presos tiveram Termos Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Os outros quatro vão responder a processo. “Eles foram atendidos por defensores públicos que ficaram de plantão durante a manifestação. Os familiares pagaram a fiança”, disse a delegada.
Em relação a  informações divulgadas na imprensa de que deputados e vereadores teriam pago a fiança dos quatro manifestantes presos em flagrante, a titular disse não saber a "origem do dinheiro" usado para pagar as fianças. Os adolescentes foram encaminhados para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) e também já foram liberados
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domingo, 23 de junho de 2013

O que faz os manifestantes rejeitaram tanto os partidos políticos | Política | O POVO Online

O que faz os manifestantes rejeitaram tanto os partidos políticos | Política | O POVO Online

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"O mais importante é que a galera não está indo por partido e sim cada um por si.” A frase é da estudante Jéssica Loyola, 22, que na última quarta-feira, 19, se encaminhava para o protesto em Fortaleza. Se em outros momentos de efervescência política no Brasil as siglas partidárias tomaram a frente do processo, dessa vez elas foram deixadas à margem pelos próprios cidadãos.

Não foram poupadas nem mesmo as agremiações de esquerda, que historicamente têm maior penetração junto aos movimentos sociais e grupos estudantis. Pelo contrário, essas siglas foram alvo, sendo que militantes foram expulsos e até agredidos em alguns casos. O que teria gerado esse descontentamento, que em alguns momentos descamba para a intolerância?

Para os especialistas, os partidos teriam falhado no seu papel básico de intermediários entre a sociedade civil e o Estado. Aqueles que estão indo às ruas não têm demandas bem definidas, mas sabem que querem serviços públicos de qualidade e um sistema democrático capaz de oferecer maior participação popular na política – coisas que os partidos até agora não conseguiram proporcionar. Esse descontentamento também se dá em outros países.

É um problema da representação política, algo que já ocorreu recentemente na Europa e nos Estados Unidos e que agora chega ao Brasil. “É preciso que a estrutura política incorpore novos elementos de participação, pelos quais a sociedade possa, por exemplo, propor leis e discussões no Congresso”, explica Ricardo Monteagudo, especialista em Filosofia Política da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Alguns mecanismos do tipo, lembra ele, já existem, mas está evidente que precisam ser alargados e aperfeiçoados.

“As pessoas veem o uso de partidos como instrumento de jogatina política. Elas não se sentem mais representadas pelos partidos e vão às ruas para representar a si mesmas”, reflete o cientista político Uribam Xavier, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Dispensar partidos é bom?
Mas o curioso é que esse desgaste parece ter vindo cedo demais em uma democracia jovem como a do Brasil, onde os partidos só se reorganizaram após o fim do regime militar, há menos de 30 anos. Nos protestos dos últimos dias, não ficou claro se o movimento é apartidário (que não pertence a nenhum partido) ou antipartidário (que é contrário, hostil aos partidos em geral). Seria mesmo pertinente e adequado que agora tais instituições fossem literalmente afastadas das discussões relevantes e dos movimentos sociais?

Na opinião do presidente da ONG Instituto Politizar, Célio Studart, isso não só é inadequado, mas também arriscado, pois pode criar um distanciamento ainda maior entre sociedade e política. Segundo ele, exigir mais instrumentos de participação popular e ao mesmo tempo querer impedir a entrada dos partidos é contraditório e pode até prejudicar o futuro desses movimentos. “As pessoas estão buscando uma democracia mais participativa, mas isso não vai acontecer se os partidos e os políticos não comprarem essa ideia”, adverte. (Marcos Robério)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

ProDeaf

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Crianças com deficiência têm um risco quatro vezes maior de serem vítimas de agressões

Crianças com deficiência têm um risco quatro vezes maior de serem vítimas de agressões

Levantamento encomendado pela OMS mostrou que as chances são ainda maiores quando comparados jovens com alguma deficiência mental

Criança envergonhada
OMS: Violência infantil é quatro vezes mais prevalente entre crianças portadoras de alguma deficiência (ThinkStock)
Crianças que apresentam alguma deficiência têm quatro vezes mais chances de sofrer qualquer tipo de violência do que as crianças sem deficiência, aponta um novo estudo divulgado nesta quinta-feira na revista médica The Lancet. Ainda de acordo com a pesquisa, os jovens portadores de defciência associada a uma doença mental ou intelectual são os mais vulneráveis e apresentam um risco 4,6 maior de serem vítimas. Esses dados fazem parte de um levantamento encomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e realizado pela Universidade John Moores de Liverpool, na Inglaterra.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Prevalence and risk of violence against children with disabilities: a systematic review and meta-analysis of observational studies

Onde foi divulgada: revista The Lancet

Quem fez: Lisa Jones, Mark Bellis, Sara Wood, Karen Hughes, Ellie McCoy, Lindsay Eckley, Geoff Bates, Christopher Mikton, Tom Shakespeare e Alana Officer

Instituição: Universidade John Moores de Liperpool, Inglaterra

Dados de amostragem: 18.000 crianças

Resultado: Crianças com algum tipo de deficiência sofrem quatro vezes mais violência do que as outras e crianças com deficiência mental ou intelectual correm risco 4,6 vezes maior em relação às outras crianças
O estudo ainda mostrou que crianças com deficiência tem uma probabilidade 3,5 maior de serem vítimas de agressões físicas e três vezes maior de sofrerem violência sexual do que jovens sem deficiência. Para os autores desse trabalho, o estigma, a discriminação e a ignorância em relação à deficiência de uma criança estão entre os principais fatores de risco para as agressões contra esses jovens, junto à falta de apoio social a seus cuidadores.
Ao todo, 17 outras pesquisas sobre o assunto, feitas com aproximadamente 18.000 crianças de países como Estados Unidos, França, Espanha e Suécia, foram levadas em consideração pelo levantamento. 
"Os resultados dessa análise provam que as crianças com deficiência são desproporcionalmente mais vulneráveis, e suas necessidades têm sido negligenciadas por muito tempo", diz Etienne Krug, diretor do Departamento de Prevenção a Violência e Danos da OMS. "Sabemos que há estratégias específicas capazes de prevenir agressões contra crianças e atenuar suas consequências. Precisamos agora determinar se essas abordagens também funcionam para crianças com deficiência."

Mercado de produtos para pessoa com deficiência deve crescer 20% neste ano

Mercado de produtos para pessoa com deficiência deve crescer 20% neste ano

Bens e serviços de tecnologia assistiva movimentaram R$ 1,5 bi no país em 2011; perspectiva é favorável, sobretudo, por apoio de novas linhas de crédito

Anna Carolina Rodrigues
Visitantes na feira Reatech que acontece em São Paulo
Visitantes na feira Reatech que acontece em São Paulo - Reinaldo Marques
O Brasil acostumou-se nos últimos anos a notícias sobre a pujança da economia doméstica. Dentre tantos setores beneficiados um se destaca pelo fato de que seu avanço é sinônimo de inclusão e melhoria da qualidade de vida de uma enorme população que, há décadas, esteve marginalizada: as pessoas com deficiência (PcD). O mercado de bens e serviços de tecnologia assistiva – voltado não apenas ao público que nasceu ou adquiriu ao longo da vida algum problema físico, visual, auditivo, etc, mas também ao crescente número de idosos no país – movimentou cerca de 1,5 bilhão de reais em 2011. A projeção em 2012 é de elevação de 20% do faturamento. Os dados são do Grupo Cipa Fiera Milano, organizador da XI Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (Reatech), que acontece até este final de semana em São Paulo. Com 300 expositores, a estimativa é que 48.000 pessoas passem pelos estandes do Centro de Exposições Imigrantes nos quatro dias de evento.
O crescimento do mercado de tecnologia assistiva deve-se a uma conjunção de fatores: desde a melhoria geral do ambiente econômico, passando pelo aumento do emprego das pessoas com deficiência, até a oferta de crédito especial por alguns bancos (veja quadro com mais detalhes). Há ainda grande expectativa no setor em 2012 com o impacto do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Viver sem Limite), lançado em novembro pelo governo federal. No Brasil, segundo dados preliminares do Censo de 2010, existem cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência, o equivalente a 23% da população.
Automóveis – O segmento de automóveis é um dos que mais tem se beneficiado com o interesse das pessoas com deficiência. Do total movimentado pelo mercado de produtos de tecnologia assistiva no ano passado, cerca de 800 milhões de reais originaram-se apenas da compra e adaptação de veículos. Além do desejo natural de conquistar independência de locomoção, as vendas são favorecidas por preços mais convidativos. Afinal, as PcD’s podem comprar carros com isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
A Cavenaghi – empresa do ramo de adaptações veiculares, que possui duas lojas e 40 concessionárias autorizadas no Brasil – prevê expansão de 20% no faturamento neste ano. Hoje a companhia adapta e transforma anualmente cerca de 5.000 carros. Cada consumidor gasta entre 800 e 6.000 reais em produtos da linha de direção, por exemplo. “O mercado está sofrendo muita mudança, principalmente graças à Lei de Cotas. Quando essas pessoas entram no mercado de trabalho, elas começam a ser remuneradas e a consumir”, diz Monica Cavenaghi, diretora comercial da empresa, que planeja abrir mais seis lojas até o final do ano em cidades-sede da Copa do Mundo. Criada em 1991 e regulamentada em 1999, a lei determina que empresas com mais de 100 colaboradores têm de incluir homens e mulheres com deficiência em seus quadros de profissionais. Do total de pessoas nesta condição no país, cerca de 11 milhões têm capacidade laboral, segundo estimativas do Ministério do Trabalho (MTE).
Estrangeiras de olho – Diante da perspectiva de crescimento bastante limitado dos mercados tradicionais de bens e serviços para PcD’s, como a Europa e os Estados Unidos, algumas empresas estrangeiras começam a traçar projetos de longo prazo para países emergentes como o Brasil. A prestigiada alemã Otto Bock – presente no mercado doméstico há 37 anos como fornecedora de próteses – começou a trazer mais recentemente para o país cadeiras de rodas e órteses (estruturas que auxiliam na melhoria das funções do corpo) e já faz novos planos. “Estudamos a possibilidade de ter uma produção local com o objetivo de fazer produtos mais adequados ao perfil do brasileiro”, afirma Wilson Zampini, diretor da empresa na América Latina.
Enquanto não tem fábrica no país, a companhia reclama da demora para obter autorização de importação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mesmo que, muitas vezes, seus produtos já possuam certificações europeias e americanas, a demora do órgão para liberar um bem que se almeja trazer do exterior pode levar de seis meses a um ano. Procurada pelo site de VEJA, a agência explica que a demora na aprovação geralmente ocorre pelo não cumprimento das exigências.
Programa governamental – Especialistas ouvidos pelo site de VEJA afirmam que o programa “Viver sem Limite” de 2011 coroa quase duas décadas de paulatino amadurecimento institucional em prol da inclusão plena da pessoa com deficiência na sociedade – e também na economia.  Com previsão orçamentária de 7,6 bilhões de reais até 2014, o plano inclui linhas de financiamento para empresas especializadas em tecnologia assistiva, crédito para o consumidor final com juros inferiores aos de mercado, compras governamentais para adequação de escolas e moradias populares, além do fortalecimento de ações de reabilitação.
As mudanças legais e econômicas nesta área são merecedoras de comemoração, mas ainda há muito a evoluir. “Os avanços são inegáveis, mas as condições de trabalho para as pessoas com deficiência, por exemplo, podem melhorar sobremaneira”, diz a consultora Carolina Ignara, da Talento Incluir, que ajuda empresas a contratar PcD’s. De acordo com ela, as principais dificuldades enfrentadas são a falta de cultura inclusiva no país, o reduzido entendimento sobre a Lei de Cotas e o déficit sociocultural da pessoa com deficiência. “Gestores despreparados pela cultura social, empresas contratando para cumprir cota e pessoas com deficiência sem saber seus direitos e deveres. Por isso, defendo que a inclusão deve investir em cultura. O entendimento leva ao respeito e aumenta as chances de sucesso”, completa.
Deficiência x renda – De acordo com o Relatório Mundial Sobre Deficiência, da Organização Mundial de Saúde (OMS), há uma prevalência maior de deficiência em países de renda baixa que em nações de rendimento mais elevado. Grosso modo, os mais pobres, desempregados e com baixa qualificação profissional estão expostos a um risco mais alto de se enquadrar também nesta condição. “É preciso entender a deficiência como um fator que se insere na relação entre a limitação funcional e o ambiente em que ela está inserida”, diz Luis Mauch, coordenador-geral da Mais Diferenças, organização da Sociedade Civil (OSCIP) especializada em educação e cultura inclusivas. Na avaliação dele, esse mercado ainda tem muito a se expandir no Brasil em comparação a economias mais maduras, como a Alemanha, por exemplo, que investiu muito em políticas e tecnologia para inserir pessoas com deficiência no pós-guerra. “Quanto mais adequado for o ambiente, melhores ficam as condições para as pessoas com deficiência. Entender isso gera oportunidades e é bom para a economia. Essas pessoas querem ser incluídas e cobradas”, acrescenta.
Impostos – Renato Laurenti, cadeirante há 28 anos e sócio da Comoir, empresa de e-commerce especializada em produtos para pessoas com deficiência, afirma que o poder público pode contribuir muito para esse mercado por meio da redução de impostos e desoneração da cadeia produtiva. Para ele, o número de empresas no mercado nacional ainda é restrito e, por isso, muitos artigos têm de ser importados. “Esse tipo de produto é prioritário, pois garante qualidade de vida e independência para essas pessoas, mas alguns ainda são muito caros”, diz. “Fico o dia inteiro sentado na minha cadeira. Se ela não for bem feita, com boa almofada, não aguento ficar. As cadeiras nacionais vêm melhorando, mas ainda não se comparam com as importadas em atributos como peso, conforto e mobilidade”, lamenta.
O empresário Vitor Hugo Silveira, da Altra Importação & Exportação, que traz do exterior produtos de uso diário, como talheres e alcançadores, concorda que a tributação é um grande problema. “Alguns produtos que não têm sofisticação, mas que ajudam na rotina, como talheres, acabam taxados na mesma categoria de produtos normais”, explica. Um exemplo dado por ele é um prato com bordas mais altas e ventosas para prender na mesa. A empresa o compra da China por cerca de 7 reais (4 dólares) e é obrigada a revendê-lo por 42 reais no mercado interno. Vinte reais do preço total referem-se apenas à tributação.
A despeito de tantos problemas, cegos, surdos, pessoas com deficiência física, idosos com problemas de mobilidade, etc, conseguem viver melhor hoje que décadas atrás. A conquista é mérito de todos: legisladores, governos, entidades sociais, empresários e das próprias pessoas com deficiência. O futuro inspira esperança. Contudo, cabe ao poder público – municipal, estadual e federal – papel ainda mais destacado. Como muitos bens e serviços, pela combinação de oferta restrita e impostos altos, ainda têm preços proibitivos para a maioria da população com deficiência, os governos poderiam guardar parcela da exorbitante arrecadação de impostos para apoiar este grupo com políticas públicas. Na Europa, não é raro que um cadeirante vá a uma feira como a Reatech, escolha a cadeira de seus sonhos e volte para casa, onde redige o pedido para compra do equipamento a ser endereçado ao governante local. E o mais interessante é que ele é atendido. O Brasil ainda tem de avançar muito para chegar lá.

Crédito para pessoa com deficiência

Crédito para pessoas com deficiência Em janeiro deste ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamentou a possibilidade de empréstimos de microcrédito serem utilizados para financiar bens e serviços para pessoas com deficiência. A linha é composta por uma fatia de 2% do dinheiro que os clientes depositam à vista nos bancos.
Em janeiro, esse montante superava 1 bilhão de reais. Segundo o CMN, as instituições poderão definir o quanto dessa linha será destinado a este tipo de crédito. Os empréstimos têm valor máximo de 30.000 reais e devem ter fins específicos, como aquisição de aparelhos, adaptação de veículos e reformas de imóveis. Ainda segundo o órgão, as taxas de juros devem ser menores que 2% ao mês.
Independentemente da determinação do CMN, alguns bancos já oferecem crédito específico para aquisição de produtos para pessoas com deficiência. HSBC, Bradesco e Santander possuem linhas de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) para financiamento de equipamentos. Já o Itaú e a Caixa Econômica Federal (CEF) oferecem o produto por meio da política de microcrédito definida pelo CMN.
O Banco do Brasil, por sua vez, possui dois tipos de financiamento. O BB Crediário para Pessoas com Deficiência, que oferece até 50.000 reais parcelados em 36 vezes, e o BB Crédito Acessibilidade, com linha de até 30.000 reais e juros de 0,64% ao mês. Contudo, como os recursos provêm da mesma fonte do microcrédito, a renda mensal máxima dos tomadores desse tipo de empréstimo deve ser de dez salários mínimos.

Amplos setores da imprensa tentaram cassar dos evangélicos o direito de dizer “não”.


Amplos setores da imprensa tentaram cassar dos evangélicos o direito de dizer “não”. Agrediram os fatos, a democracia e os seus leitores

Vejam esta imagem.
A grande imprensa brasileira, com as exceções costumeiras, escreveu um capítulo vergonhoso de sua história na quarta-feira. Cerca de 70 mil pessoas — segundo estimativas da Polícia Militar do Distrito Federal (nesta sexta, publicarei um vídeo; aguardem um pouco) — participaram de uma manifestação em Brasília em defesa da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da família tradicional e da vida (leia-se: contra o aborto). Num dia útil, certamente arcando com o custo de faltar ao trabalho — ninguém ali tinha o “ponto” abonado nem estava sendo pago por partido —, milhares de pessoas atenderam à convocação de diversas denominações cristãs para expressar o seu ponto de vista sobre temas que estão em debate na sociedade e que são do interesse dos brasileiros. Não obstante, aquelas 70 mil pessoas foram praticamente ignoradas pelo jornalismo. A IRONIA: UMA DAS PALAVRAS DE ORDEM DA CONCENTRAÇÃO ERA ESTA: CONTRA O CONTROLE DA MÍDIA.
Reproduzo palavras do pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do evento:
“Senhores da imprensa, nós, que somos chamados de fundamentalistas, queremos uma imprensa livre até para falar mal de nós. Nós não queremos cercear imprensa, não. Agora, eu fico vendo esses esquerdopatas, que querem o controle da mídia para controlar o conteúdo… Eles estão pensando que o Brasil é Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina. Aqui, não! Imprensa livre, sempre livre!”
Não saiu praticamente uma linha do que disse Malafaia sobre o assunto. Também se omitiram as críticas muito duras que ele fez aos mensaleiros (voltarei a tratar do assunto em outro post). Setenta mil pessoas pediram em coro cadeia para a quadrilha — enquanto Luís Roberto Barroso, na CCJ do Senado, dizia que o STF foi muito duro com aqueles patriotas. E também isso se omitiu. Publicarei, reitero, um vídeo com trechos da fala de Malafaia (a integra de sua intervenção estáaqui).
Houve coisa pior do que omissão: uma reportagem do Estadão Online atribuiu ao pastor o que ele não disse, a saber: que união homoafetiva é crime. Não falou isso. Afirmou outra coisa: que não aceitava que sua opinião, que é contrária, fosse criminalizada, como faz o PLC 122.
Não há por que omitir os fatos. É evidente que uma concentração que tinha na sua pauta, também, a defesa da família tradicional (homem, mulher e sua prole) opõe-se ao casamento e ao ativismo gays. E isso foi dito lá de maneira clara e inequívoca. Era um aspecto importante do protesto, mas era um deles. Não é menos evidente que a esmagadora maioria da imprensa considera essa opinião “conservadora”, “reacionária”, “atrasada” — escolham aí o adjetivo. O mesmo se diga sobre o aborto, duramente atacado no evento. Eis outro item da pauta dita “progressista” — nunca ninguém conseguiu me explicar por que o mundo e a moral progridem com a morte de fetos…
A imprensa — ou “as imprensas” — tenha a agenda que quiser! Como afirmou o pastor, que ela seja livre até para falar mal das opiniões e das pessoas da praça. Mas omitir??? Fazer de conta, como se fez, que a coisa não estava acontecendo??? Tratar a concentração como se estivesse um curso um evento corriqueiro, sem importância? Só não acho que ficou caracterizada a “censura” porque considero que a palavra cabe quando a interdição é aplicada pelo Estado. Mas se trata, sim, de um ânimo censor, que agride a essência do jornalismo.
Estaremos, agora, diante de um novo paradigma, que consistirá em esconder aquilo de que se discorda? Qual é a medida? Se 500 marcham nas ruas em defesa da maconha, a foto vai parar nas primeiras páginas — afinal, é a “pauta progressista”. Se 70 mil fazem um coro contra a descriminação das drogas — e isso também ocorreu —, faz-se de conta que nada aconteceu?
Pois é… Volta e meia, José Dirceu, o chefe de quadrilha do mensalão — até, ao menos, que eventuais e ilegais embargos infringentes não livrem a sua cara —, manda alguém escrever lá no seu blog um ataque qualquer à imprensa, pedindo o “controle da mídia”. Por incrível que pareça, a mídia que ele quer controlar se encarrega de reproduzir suas cretinices. Afinal, disse-me outro dia alguém, a imprensa tem de fazer isso para demonstrar que é isenta e não tem preconceitos…
Ah, bom! Agora entendi! Para mostrar que é isenta e não tem preconceitos, até os ataques de Dirceu à liberdade de expressão são… livremente expressos! Mas os 70 mil da praça, que falaram EM DEFESA da liberdade de expressão, ah, esses foram tratados com menoscabo ou com desrespeito mesmo: “Afinal, não pensam o que pensamos; têm uma pauta reacionária…”.
O que pretende para si mesma a imprensa que age desse modo? Digam-me cá: os 70 mil que foram para a praça, numa quarta-feira gorda, tinham sido convocados por quem? Pelos jornais, TVs e sites noticiosos já tradicionais? Acho que não! As igrejas evangélicas têm seus próprios sistemas de comunicação e não dependem da boa vontade de estranhos para existir. Tratou-se de uma omissão vergonhosa, constrangedora. E, claro, havia jornalistas em penca lá.
Essência da democracia
A essência da democracia é o dissenso. O papel da imprensa não é exercer uma censura informal sobre a diversidade de opiniões. Ao contrário. Converter o espaço noticioso em área de militância é um comportamento fascistoide, que agride o fundamento da pluralidade e da liberdade.
Faltassem-nos exemplos, deveríamos olhar para o governo de Barack Obama, nos EUA. Em nome das liberdades civis que estariam ameaçadas no governo Bush; em nome da pluralidade, que estaria sendo agredida pelos supostos fundamentalistas de Bush; em nome da, santo Deus!, da diversidade, à qual os republicanos de Bush seriam hostis, ONGs, movimentos sociais, imprensa, academia, intelectuais etc. se juntaram num grande coro de adoração ao candidato e depois presidente da República e à sua agenda progressista.
Quis o destino — que, para mim, sempre foi a lógica dos fatos — que aquele grande progressista liderasse o governo que montou o mais amplo, profundo e nefasto sistema de espionagem no país, que inclui a perseguição a adversários por organismos do estado e a invasão do sigilo de jornalistas.
A liberdade é e será sempre o direito de divergir. Infelizmente, amplos setores da imprensa tentaram cassar dos evangélicos esse direito. Para estes, a agressão foi irrelevante porque, reitero, não dependem dessa visibilidade para existir. Para o jornalismo, no entanto, a coisa é séria: há o risco de que o paradigma da pluralidade esteja se perdendo. Os cristãos, sempre que julgarem necessário, voltarão às praças. Espero que essa imprensa de agenda tenha como voltar a seus leitores.
Por Reinaldo Azevedo

sábado, 8 de junho de 2013

Nordeste concentra maior percentual de população deficiente, mostra IBGE

Nordeste concentra maior percentual de população deficiente, mostra IBGE

O Nordeste é a região com maior percentual da população que apresenta pelo menos um tipo de deficiência, segundo novos dados do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará lideram o ranking.
De acordo com a pesquisa, 21,2% da população da região declarou ter deficiência visual; 5,8%, deficiência auditiva; 7,8%, deficiência motora e 1,6%, deficiência mental ou intelectual.
Entre os Estados, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará apresentavam em 2010 os maiores percentuais de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas (visual, motora e auditiva), sendo os dois primeiros com 27,8% cada e o último com 27,7%.
As menores incidências de pessoas com pelo menos uma das deficiências se encontravam em Roraima (21,2%), na região Norte, Santa Catarina (21,3%), no Sul do país, e Mato Grosso do Sul (21,5%), no Centro-Oeste.
Em 2011, parte dos dados revelados pelo Censo sobre a população deficiente mostrou que 17,7 milhões de brasileiros, ou 6,7% da população, declararam possuir pelo menos uma deficiência "severa" em 2010 --de acordo com o IBGE, severa se refere à população que não enxerga nada no caso da deficiência visual, por exemplo. Em 2000, o índice foi de 4,2%. Quanto aos números gerais, em 2010, 23,9% brasileiros declararam possuir ao menos uma deficiência, ante 14,3% em 2000.
Resultado de pesquisa do IBGE acerca da população com deficiência.
Resultado de pesquisa do IBGE acerca da população com deficiência.
Resultado de pesquisa do IBGE acerca da população com deficiência.
Resultado de pesquisa do IBGE acerca da população com deficiência.
Segundo explica o IBGE, parte do aumento nos números pode ser explicado pela mudança na forma de fazer as perguntas. A pergunta sobre deficiência visual no Censo 2000, por exemplo, era: "Como você avalia a sua capacidade de enxergar?". Em 2010, mudou para: "Você tem alguma dificuldade para enxergar?". Em relação à deficiência motora, a pergunta mudou de "Como você avalia a sua capacidade de caminhar ou subir degraus?" (2000) para "Tem dificuldade permanente de caminhar ou subir degraus?" (2010).

Censo 2010


Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.565 municípios brasileiros entre 1º de agosto a 31 de outubro de 2010. Os primeiros dados da pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de brasileiros, foram revelados em abril de 2011. Ao longo de 2012, serão produzidos novos resultados, apresentados em volumes temáticos.