O Curta Vida Maria leva a quem o assiste a fazer reflexões profundas, nos incita a procurarmos a raiz da causa desses problemas e encontrarmos soluções para o mesmo. O que fica evidenciado, também, é o paradoxo da miséria nos país das abundancias, da extrema pobreza no país dos extremos ricos, da falta de compaixão e amor ao próximo no país onde o povo é reconhecido no exterior pela sua bondade. Bondade pra quem?!
Esse blog é para as pessoas que acreditam e lutam pela melhoria da Educação Especial no Brasil.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Código de Ética do Intérprete de LIBRAS e Lei que regulamenta a Profissão
INTÉRPRETE
DE LÍNGUA DE SINAIS: UMA POLÍTICA EM
CONSTRUÇÃO.
A política de inclusão
social é fomentada, numa conjuntura de afirmação dos direitos à acessibilidade,
o respeito à diversidade e à igualdade de oportunidades. Entre os instrumentos
legais para garantir a inclusão social temos a lei de acessibilidade nº
10.098/2000, a lei do Plano Nacional de Educação nº 10.172/2001 e o decreto nº
5626/2005 que regulamenta a leis nº 10.436/2002, que dispõe sobre o
reconhecimento da língua brasileira de sinais da pessoa surda e seu direito de
comunicar-se em Libras. A legislação representou um passo fundamental no
processo de reconhecimento e formação do profissional intérprete de língua de
sinais, bem como, sua inserção oficial no mercado de trabalho.
Antes de respaldo legal, o
intérprete já era figura presente na comunidade surda estabelecendo a
comunicação entre a língua portuguesa e a Libras, seu envolvimento com a
comunidade surda levava a pratica do trabalho voluntariado, assistindo o surdo
no dia a dia, quando necessária a interlocução. Adquiria o conhecimento da
língua através do convívio.
A prática da interpretação
inicialmente esteve vinculada a atividades religiosas na década de 80, ainda
nos anos oitenta realizou-se o primeiro encontro nacional de intérpretes com o
apoio da Feneis (Federação Nacional Educação e Integração do Surdo), o qual deu
sequencia a outros, inclusive ao nível estadual e nos anos 90 instituiu unidade
de intérpretes nos escritório da Feneis. Mais tarde, serão formadas as
primeiras associações de intérpretes. As mais recentes associações estão
localizadas em Mato Grosso do Sul com o nome Apilsms, em São Paulo com o nome
Apilsbesp e no Rio Grande do Sul.
O Profissional Intérprete
É do conhecimento, que a
formação do intérprete de Libras esta em processo, as capacitações técnicas
para esse profissional tem sido ofertadas em nível de pós-graduação. Tem a
fluência da língua de sinais através da prática, sem dispor de aparatos
teóricos que lhe concederia uma graduação especifica na interpretação e
tradução da Libras. A falta de formação acadêmica também é prejudicial e que é
fundamental para divulgação e aperfeiçoamento desse técnico.
O mais recente instrumento
legal de garantia aos direitos do surdo é o decreto nº 5626, dispõe sobre o
profissional intérprete e sua inserção no mercado de trabalho. O decreto prevê
o reconhecimento e admissão como intérprete de Libras, em nível médio e em
nível superior, além de outras instituições, onde exista a necessidade da
interlocução em Libras; ainda que não tenha formação especifica, enquanto se
estrutura a formação de tradutor-intérprete
Intérpretes
Postura
O
intérprete é a pessoa em que o surdo mantém extrema confiança, tanto
profissional como pessoal. Devendo ser uma pessoa íntegra e cumprir somente com
o seu papel de interpretar priorizando sempre em sua prática a ética.
O
intérprete independente de seus conceitos e valores pessoais deverá sem
preconceito interpretar em locais como: grupo de conscientização de
homossexuais e em eventos religiosos.
O
intérprete deverá manter sigilo quando for acompanhar o surdo não devendo
revelar seu nome e o local aonde foi designado para atuar.
O intérprete por ser a voz do surdo e do ouvinte deverá manter sempre sua
neutralidade diante de qualquer situação.
O intérprete
deverá sempre estar se aprimorando, se possível, freqüentando cursos de
capacitação e outros eventos que venham colaborar para o seu aperfeiçoamento
profissional e na aquisição de conhecimentos sobre a cultura surda.
O
intérprete precisa ter expressão facial para que o surdo possa entender melhor
a situação e, principalmente, ter postura, ou seja, não atuar de forma
exagerada com o intuito de chamar a atenção.
O
intérprete durante a sua atuação deverá ter intervalo de vinte em vinte minutos
de revezamento com outro profissional em eventos de longa duração.
O
intérprete precisa ser um profissional ético tanto com os surdos como com os
seus colegas de profissão. Devendo estar sempre pronto a apoiar o próximo e
estar disposto para o trabalho em equipe.
Atribuição dos Intérpretes
O intérprete é aquele que
tem o papel de intermediar a comunicação entre o idioma do emissor ao idioma do
receptor. Dispõe da capacidade técnica para realizar escolhas lexicais,
estruturais e semânticas apropriadas às duas línguas em tramite na
interpretação. Possibilita tanto ao emissor quanto ao receptor entender e ser
entendido nas nuances de suas respectivas línguas. Um intérprete de Libras
executa o mesmo processo na interpretação em língua de sinais. Contudo, a
modalidade espacial-visual é fator que torna ainda mais complexa a
interpretação. Implica em um processo mental que opera a compreensão e a
apropriação da mensagem em sua língua na modalidade oral e um mecanismo para
organização e efetuação da interpretação na língua espacial-visual. Além do
que, conta com a presteza da resposta técnica motora. Contudo, o intérprete do
idioma oral é reconhecido como profissional proficiente em uma língua
estrangeira, tecnicamente capacitado, que realiza um trabalho que exige erudição.
Quanto ao profissional intérprete de língua de sinais, ainda é conotado como
apoio didático e recurso estratégico de comunicação com o surdo; em muitas
situações, ainda denominado por “portador” de deficiência auditiva.
A função do intérprete é
realizar a interlocução da língua fonte à língua alvo e trabalhar com uma
língua espacial-visual. Compete a este profissional estar atualizado em relação
às nuances e dinâmica da língua alvo. Ser ativamente participante na equipe de
profissionais, como profissional a ser consultado no que compete à interlocução
para a Libras e para efetivar a comunicação entre surdos e ouvintes. Não
compete ao intérprete de Libras a função de educador, ainda que execute a
interpretação no espaço de ensino, seja em nível básico ou superior. O
intérprete não repassa conteúdos durante a interpretação, sua preocupação deve
ser a escolha acertada da estrutura e sinalização na passagem da língua fonte
para a língua alvo. Uma vez que a profissão segue critérios de neutralidade no
desempenho da função, como um canal que não exerce qualquer influência na
mensagem em tramite.
Postura
O intérprete por ser a voz do surdo e do ouvinte deverá manter sempre sua neutralidade diante de qualquer situação.
Código de Ética do Intérprete de LIBRAS
Para que serve o código de ética do interprete?
O código de ética é um instrumento que orienta o profissional intérprete
na sua atuação. A sua existência justifica-se a partir do tipo de relação que o
intérprete estabelece com as partes envolvidas na interação. 0 intérprete está
para intermediar um processo interativo que envolve determinadas intenções
conversacionais e discursivas. Nestas interações, o intérprete tem a
responsabilidade pela veracidade e fidelidade das informações. Assim, ética
deve estar na essência desse profissional. A seguir é descrito o código de
ética que é parte integrante do Regimento Interno do Departamento Nacional de
Intérpretes (FENEIS).
Dia em que foi feito o Código de ética do interprete
Registro dos Intérpretes para Surdos - em 28-29 de janeiro de 1965,
Washington, EUA) Tradução do original Interpreting for Deaf People, Stephen
(ed.) USA por Ricardo Sander. Adaptação dos Representantes dos Estados
Brasileiros - Aprovado por ocasião do II Encontro Nacional de Intérpretes - Rio
de Janeiro/RJ/Brasil - 1992.
Código de Ética do Interprete
CAPÍTULO 1
Princípios fundamentais
Artigo 1
São deveres fundamentais do intérprete: 1°. O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais e não poderá trair confidencias, as quais foram confiadas a ele;
Artigo 2
O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo grupo a fazê-lo;
Artigo 3
O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar dos limites de sua função e não ir além de a responsabilidade;
Artigo 4
O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente em aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou profissionais, quando necessário, especialmente em palestras técnicas;
Artigo 5
O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços,
mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si
mesmo, durante o exercício da função.
CAPITULO II
Relações com o contratante do serviço
Artigo 6
O intérprete deve ser remunerado por serviços prestados e se dispor a providenciar serviços de interpretação, em situações onde fundos não são possíveis;
Artigo 7
Acordos em níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a tabela de cada estado, aprovada pela FENEIS.
CAPITULO III
Responsabilidade Profissional
Artigo 8
O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais ou outras em seu favor;
Artigo 9
O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem como da Língua Portuguesa;
Artigo 10
Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade qual o nível de comunicação da pessoa envolvida, informando quando a interpretação literal não é possível e o intérprete, então terá que parafrasear de modo claro o que está sendo dito à pessoa surda e o que ela está dizendo à autoridade;
Artigo 11
O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das línguas envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se isso for necessário para o entendimento;
Artigo 12
O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vários tipos de assistência ao surdo e fazer o melhor para atender as suas necessidades particulares.
CAPITULO IV
Relações com os colegas
Artigo 13
Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o intérprete deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir novos conhecimentos de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em interpretação e tradução.
Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm surgido devido à falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a comunicação com o surdo.
Diante deste código de ética, apresentar-se-á a seguir diferentes situações que podem ser exemplos do dia-a-dia do profissional intérprete. Tais situações exigem um posicionamento ético do profissional intérprete. Sugere-se que, a partir destes contextos, cada intérprete reflita, converse com outros intérpretes e tome decisões em relação a seu posicionamento com base nos princípios éticos destacados no código de ética.
Professor
de Libras
Código de Ética
1) Deverá ter
respeito pela Libras, zelar pelo seu uso adequado, mas estar aberto para
aprender e aceitar sinais novos, porque isso é uma característica de qualquer
Língua;
2) Deverá reconhecer
a necessidade de se aperfeiçoar, fazer um curso superior e estar aberto para
conhecer novos métodos de ensino;
3) Deverá esclarecer
às Pessoas Surdas sobre a importância do trabalho dos Instrutores para a
divulgação e ensino da Libras;
4) Deverá ter
respeito a cada indivíduo Surdo, sendo este oralizado ou não, mesmo que saiba
pouco a Libras, incentivando-o a usá-la;
5) Nos assuntos
gerais, sempre respeitar as decisões da diretoria dos órgãos competentes,
quando esta estiver de acordo com o estatuto e regimento da Instituição onde
esteja trabalhando;
06) Deverá lembrar
dos limites da sua função e não ir além de sua responsabilidade, respeitando
seu colega de trabalho como também seus coordenadores e diretores;
07) Deverá manter o
respeito à sua Identidade e Cultura Surda quando necessitar do apoio de
profissionais ouvintes para auxiliá-lo no desenvolvimento das capacidades
expressivas e receptivas em Libras e na Língua Portuguesa;
08) Deverá esclarecer
aos alunos no que diz respeito à Cultura Surda sempre que possível,
reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm surgido por causa da
falta de conhecimento do público sobre a Surdez e a comunicação com o Surdo;
09) Deverá, durante o
exercício da função, adotar uma conduta adequada e, ao se vestir e utilizar
adereços, não chamar a atenção sobre si mesmo;
10) Deverá ter
assiduidade e pontualidade durante o curso;
11) Deverá ter sempre
organizado o planejamento das aulas do curso e, caso haja dúvida, procurar
ajuda para preparar a aula antecipadamente;
12) Deverá ensinar,
dando o melhor de sua habilidade, sempre transmitindo os conhecimentos sobre a
Libras de que dispõe e que já estudou;
13) Deverá se
esforçar para dar assistência aos alunos, esclarecendo suas dúvidas sobre
Libras;
14) Deverá ter
paciência com os alunos Surdos e com os Ouvintes que têm mais dificuldade em
aprender a Libras;
15) Deverá se manter
neutro e tratar os alunos com igualdade, sem dar preferências aos alunos mais
inteligentes ou que já saibam um pouco mais a Libras;
16) Deverá manter uma
atitude neutra durante o transcurso do curso, evitando interferências e
opiniões pessoais não relacionadas às aulas;
17) Deverá saber
controlar as emoções e não levar os problemas pessoais para a turma;
18) Deverá refletir e
cumprir essas recomendações sobre ÉTICA PROFISSIONAL e POSTURA DO(A)
INSTRUTOR(A), procurando aprimorá-las.
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
|
Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos |
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Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira
de Sinais - LIBRAS.
|
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício da
profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais -
LIBRAS.
Art. 2o O tradutor e intérprete terá competência
para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou
consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua
Portuguesa.
Art. 4o A formação profissional do tradutor e
intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada
por meio de:
I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os
credenciou;
II - cursos de extensão universitária; e
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de
ensino superior e instituições credenciadas por Secretarias de Educação.
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras
pode ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da
comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das
instituições referidas no inciso III.
Art. 5o Até o dia 22 de dezembro de 2015, a
União, diretamente ou por intermédio de credenciadas, promoverá, anualmente,
exame nacional de proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua
Portuguesa.
Parágrafo único. O exame de proficiência em Tradução e
Interpretação de Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca
examinadora de amplo conhecimento dessa função, constituída por docentes
surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições de
educação superior.
Art. 6o São atribuições do tradutor e
intérprete, no exercício de suas competências:
I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos
e surdos-cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral
e vice-versa;
II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as
atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de
ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso
aos conteúdos curriculares;
III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino
e nos concursos públicos;
IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim
das instituições de ensino e repartições públicas; e
V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos
ou policiais.
Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão
com rigor técnico, zelando pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito
à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial:
I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da
informação recebida;
II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso,
idade, sexo ou orientação sexual ou gênero;
III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber
traduzir;
IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por
causa do exercício profissional;
V - pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um
direito social, independentemente da condição social e econômica daqueles que
dele necessitem;
VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda.
Art. 10. Esta Lei entra em vigor
na data de sua publicação.
Brasília, 1º
de setembro de 2010; 189o da Independência e
122o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA
SILVA
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
Fernando Haddad
Carlos Lupi
Paulo de Tarso Vanucchi
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
Fernando Haddad
Carlos Lupi
Paulo de Tarso Vanucchi
Este texto não substitui o publicado no
DOU de 2.9.2010
domingo, 10 de fevereiro de 2013
O Mundo do Silêncio
O Mundo do Silêncio – Uma Breve
Contextualização da Trajetória do Indivíduo Surdo na Humanidade
O Mundo do Silêncio
Uma Breve Contextualização da Trajetória do
Indivíduo Surdo na Humanidade
Por EUDENIA MAGALHÃES BARROS
RESUMO:
O presente artigo pretende dar uma visão geral da trajetória do
indivíduo surdo, elencando fatores históricos, a fim de ressaltar alguns dos
motivos pelos quais os Surdos vêm travando lutas e conquistando espaço na
sociedade ao longo do tempo. O resgate histórico foi sugerido no intuito de
obter o máximo de informações sobre a história da Associação dos Surdos do
Ceará – ASCE –, procurando investigar quais os primórdios da sua fundação, qual
função lhe era destinada e a sua atuação na vida dos Surdos cearenses nos dias
de hoje.
PALAVRAS-CHAVE: Surdos; Trajetória; Estigma.
INTRODUÇÃO:
“O que é ser uma pequena criança na escola, numa
sala sem som, com um professor que fala, fala e fala, e, então, quando ele vem
perto de você, ele espera que você saiba o que ele disse? [...] Ou o professor
que pensa que para torná-lo inteligente você deve, primeiro, aprender como
falar com sua voz, assim, colocando as mãos no seu rosto por horas e horas sem
paciência ou fim, até sair algo indistinto assemelhado ao som?”
Willerd J. Madsen, Surdo,
Poeta.
A Comunidade Surda vem demonstrando força, não somente no Ceará, mas no
país inteiro, principalmente com a conquista da Lei de n° 10.436, regulamentada
pelo Decreto N°5.626, que legitima a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) como
língua oficial dos Surdos e que traz consigo vários artifícios para incluir os
Surdos na nossa sociedade ouvinte como também para nos incluirmos em sua
cultura. Essa conquista é um exemplo de luta e resistência desse grupo de
indivíduos, que carrega na sua trajetória grandes perdas e derrotas, estigma e
preconceito.
A pesquisa que foi realizada com alguns indivíduos surdos no Ceará teve
por objetivo principal resgatar a história da Associação dos Surdos do Ceará –
ASCE –, procurando investigar quais foram os principais motivos que levaram à
sua fundação; entretanto, para que fosse possível compreender-los, foi preciso
conhecer, antes de tudo, a caminhada desse movimento social, suas bases e o
enraizamento das suas instituições na sociedade ocidental ao longo da história.
No primeiro momento da pesquisa, a metodologia utilizada foi
principalmente a pesquisa bibliográfica: leitura de obras, artigos e revistas
que contribuíram para a apreensão dos fatos históricos antecedentes à criação
da ASCE, considerados peças fundamentais para a compreensão do presente, tendo
em vista que as trajetórias individuais são processos não desvinculados do
contexto social.
Esse artigo pretende, então, apresentar esse levantamento histórico
inicial, como também alguns fatores que contribuíram para a fundação da
Associação dos Surdos do Ceará – ASCE.
1 – O INDIVÍDUO SURDO NA SOCIEDADE – BREVE
HISTÓRICO DAS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE INCLUSÃO E EDUCAÇÃO DOS SURDOS NA
SOCIEDADE OCIDENTAL:
Segundo Rocha (2000), na Antiguidade ocidental, a concepção que as
pessoas comuns tinham dos deficientes físicos e mentais era que eles não seriam
humanos. Os sinais que esses indivíduos carregavam poderiam ser evidências
divinas punitivas ou sinais sobrenaturais. Os estigmatizados (GOFFMAN, 1982),
eram vistos pelos gregos como indivíduos que carregavam algo de anormal,
afetando seu status moral perante a sociedade. Frizanco e Honora (2009)
destacam que o Surdo era desconsiderado humano porque não tinha a capacidade de
fala, e quem não conseguia falar não conseguia pensar; o que distinguia o homem
dos outros animais era a capacidade de raciocínio; logo, os Surdos não se
distinguiam dos animais irracionais.
Esse imaginário sobre a surdez perpassou a Idade Média, com a
justificativa cristã de que os Surdos não seriam humanos pelo fato de que todo
humano é a imagem e semelhança de Deus, e as pessoas que não se enquadravam
nesse critério logo eram marginalizadas. (FRIZANCO e HONORA, 2009, p.19).
No contexto da Idade Média, os nobres, para não dividirem suas heranças
com outras famílias, promoviam muitos casamentos entre os próprios familiares e
isso provocava aumento no nascimento de pessoas surdas. O problema é que, de
acordo com os mandamentos da Igreja Católica, a alma só poderia ser salva se os
cristãos passassem pelo sacramento da Confissão, ou seja, comunicar seus
pecados aos sacerdotes. Foi a partir da preocupação em tornar os Surdos de
famílias nobres efetivamente cristãos – como também confirmar o vínculo entre a
Igreja e a Nobreza – que ocorreu a primeira tentativa de educá-los e torná-los
indivíduos comunicáveis. (FRIZANCO e HONORA, 2009, p.19).
De acordo com um estudo realizado por Reily (2007), a escolarização dos
indivíduos surdos esteve estreitamente ligada à Igreja Católica, pois havia uma
tradição ritualista nos mosteiros – o voto do Silêncio – no qual os integrantes
evitavam o máximo a comunicação oral, desenvolvendo, então, uma forma de
comunicação gestual, que serviu de inspiração para a língua de sinais. O
alfabeto gestual foi inicialmente desenvolvido pelo movimento monástico; a
maior contribuição desse movimento foi apresentar a idéia de que a comunicação
gestual era uma forma válida e eficaz para a comunicação.
Pelo que se tem registro histórico, a partir do século XVI, começaram a surgir
os primeiros educadores e pesquisadores na educação de Surdos. Um dos mais
importantes pioneiros foi um monge beneditino espanhol, Pedro Ponce de Leon
(1520-1584), que ensinava alguns filhos surdos da aristocracia espanhola. Ele
envolveu-se com a educação de Surdos com a chegada dos irmãos Francisco e Pedro
Fernández y Tovar, filhos de um casamento consangüíneo da nobreza espanhola.
Dentro do mosteiro, no contato entre a sinalização caseira dos irmãos e a
sinalização dos beneditinos, desenvolveram uma comunicação razoável que
permitiu o aprendizado dos Surdos na época. Seu trabalho foi bastante eficaz, o
que atraiu o desejo de outros nobres para que tivessem seus filhos surdos
educados por ele.
Segundo Reily, outro espanhol, Juan Pablo Bonet (1579 – 1633), é
reconhecido como um grande colaborador na educação dos Surdos por publicar uma
obra em 1620, referente às metodologias educacionais para os Surdos, Reducción
de las letras y arte de enseñar a hablar los mudos, contendo também o primeiro
registro desenhado do alfabeto datilológico . Seu contato com Surdos se deu
quando começou a trabalhar para a família de Juan de Velasco, sobrinho de
Francisco e Pedro Fernández y Tovar, já mencionados anteriormente.
Outros estudiosos que também se interessavam pela educação de Surdos
propunham outro método de ensino, a Oralização . Um exemplo é o holandês Van
Helmont (1614 – 1699), que defendia a leitura labial e o uso de espelhos para
estimular a fala; Johann Conrad Amman (1669-1724), médico e educador alemão,
que acreditava que a língua de sinais atrofiava a mente, dificultando o
desenvolvimento da fala dos sujeitos surdos.
Ainda na Modernidade, um educador filantrópico francês, o abade Charles
– Michel de L’Epée (1712 – 1789) se destacou por ser um dos primeiros a reconhecer
a língua de sinais e que através dela os surdos poderiam aprender os
ensinamentos cristãos. Ficou conhecido como o “Pai dos Surdos”. Ele se dispôs a
ensinar duas irmãs gêmeas surdas, que já possuíam uma forma de comunicação
bastante fluente entre si, e “concluiu que deveria aprender a gramática com os
sinais de suas alunas para então lapidá-los, desenvolvendo um método para
aproximar os sinais à língua francesa.” (REILY, 2007, p.322). A partir de
então, defendeu que “a única maneira de chegar ao espírito dos surdos era pela
via ‘dos mesmos sinais pelos quais a natureza os inspira’.” (REILY, 2007,
p.323).
L’Epée fundou a primeira escola publica no mundo para Surdos em Paris, o
Instituto Nacional para Surdos-Mudos, em 1760, às custas das suas aulas em
praça pública, para demonstrar como a sua metodologia era eficaz. Escreveu uma
obra bastante relevante sobre a educação de Surdos, La véritable manière
d’instruire les sourds et muets, confirmée par une longue expérience , em 1794.
(FRIZANCO e HONORA, 2009, p.23).
O segundo diretor nomeado no Instituto foi um ex- aluno de L’Epée, Abbé
Sicard (1742-1822), e publicou escritos sobre as experiências que havia tido
com um aluno surdo, Jean Massieu (1772 – 1846). Posteriormente, com a morte de
Sicard, Massieu – que é considerado um dos primeiros professores surdos de que
se tem registro – foi o nome mais cotado para ser o sucessor de Sicard no
Instituto. Entretanto, outros dois professores quiseram participar da
diretoria, Jean-Marc Itard (1774 – 1838) e o Barão Joseph Marie de Gérando,
defensores do oralismo. Massieu terminou por não ser o diretor do Instituto e
foi afastado, passando a ensinar em outras escolas.
Jean-Marc Itard, médico-cirurgião francês, tornou-se conhecido por
iniciar um trabalho com uma criança que foi encontrada perdida, por volta dos
12 anos de idade, e que nunca teria aprendido a falar. Ele buscava compreender
as causas da surdez, no entanto, constatou que elas não eram visíveis. Como
afirma Moura para realizar seus estudos, ele dissecou cadáveres de Surdos e
tentou vários procedimentos: aplicar cargas elétricas no ouvidos de Surdos,
usar sanguessugas para provocar sangramentos, furar as membranas timpânicas de
alunos (sendo que um deles morreu por esse motivo). (MOURA, 2000, p.25)
O ponto de vista médico de Itard, sob o qual via os Surdos como
primitivos e incapazes de desenvolver as emoções e a intelectualidade, ainda
perdura nos dias de hoje, fazendo parte dos discursos de educadores e
fonoaudiólogos que defendem o método oralista como sendo o único meio de
“salvar” os surdos da ignorância. Muitas vezes, também, esse ponto de vista é
aceito por desconhecimento dos avanços pedagógicos e lingüísticos em relação
aos Surdos. A sociedade ainda desconhece a capacidade intelectual dos
indivíduos que nascem com surdez, sendo estes ainda tratados com preconceito e
desdém.
Na América, os Estados Unidos se destacou em seus avanços com relação à
educação de Surdos. Com muita dificuldade de importar os métodos ingleses de
educação, tendo em vista que eles negavam repassar para não perder a
exclusividade e a clientela, o método que foi trazido para a América foi o do
Instituto de Surdos de Paris, de L’Eppé. Thomas Gallaudet (1787-1851) se
interessou pela surdez quando conheceu uma jovem Surda, e teve a idéia de criar
uma escola para instruir Surdos. Viajou para a França em 1816, e realizou um
estágio no Instituto de Surdos. Seu instrutor, Laurent Clerc (1785-1869), Surdo
educado no Instituto, foi contratado por ele para fundarem, em 1817, a primeira
escola pública para Surdos dos EUA, a Hartford School.
A Língua de Sinais Francesa foi a primeira língua utilizada no ensino
dos Surdos americanos, porém, com o tempo, foi gradualmente sendo modificada
pelos alunos americanos, e assim foi se formando a Língua de Sinais Americana,
a ASL .
Em 1864, o filho de Thomas Gallaudet, Edward Gallaudet, teve a permissão
de fundar a primeira faculdade para Surdos, em Washington, denominada Nacional
Deaf-Mute College, atualmente Gallaudet University. Até então, o uso da língua
de sinais era fluente, porém a partir da metade do século XIX, começou a ser
abolida, provavelmente, pela fase de extremo nacionalismo após a Guerra da
Secessão, momento em que o pilar de unificação do país se deteve no uso da
língua inglesa; como a ASL não era genuinamente inglesa, a metodologia oralista
começou a ser prioritária no ensino de Surdos.
Edward Gallaudet teve grande influência na implantação da metodologia
oralista nos EEUU, porém combinada com a língua de sinais. Em um ciclo de
viagens pela Europa, ele foi surpreendido pelo fato de ver, em outras escolas,
Surdos que conseguiam falar e sinalizar ; então voltou com a idéia de
desenvolver, para os Surdos que tivessem condições, um método combinado de
treinamento em articulação em leitura orofacial. Em uma Assembléia geral entre
os institutos americanos de ensino para Surdos, foi divulgada essa proposta
metodológica, sendo bastante bem-vinda pelos educadores. Porém, as proporções
que esses treinamentos tomaram acabaram ultrapassando a prioridade, que era o ensino
da língua de sinais, o que resultou na exaltação do método oralista nas
escolas.
Cada vez mais o método oralista foi tomando o espaço da língua de
sinais. Um dos grandes influenciadores do oralismo foi Alexandre Grahan Bell
(1847-19922), casado com uma Surda oralizada que detestava estar entre outros
Surdos. Ele acreditava que a língua de sinais era um fator que dificultava no
esforço do Surdo em aprender a falar. Inventou o telefone tentando criar
acessório para Surdos .
No passar dos anos, vários entraves e disputas entre os defensores do
oralismo e da língua de sinais levaram algumas entidades a entrarem em
decadência, causando uma crise no que diz respeito à educação de Surdo. Um
grande marco divisor de águas, e fator que vai influenciar o futuro da educação
dos indivíduos Surdos durante muito tempo, foi a realização de um Congresso
sobre o ensino de Surdos, em Milão, 1880, para padronizar o melhor método a ser
utilizado nos institutos nos demais países. Representantes de vários países –
EUA, Canadá, Bélgica, Suécia, França – fizeram parte desse congresso, e entre
os congressistas, apenas um era Surdo, que não teve direito de voto.
O método oralista foi defendido e acordado como o modelo ideal a ser
utilizado nas instituições. A superioridade da fala em relação aos sinais, e o
método oral puro foram as premissas básicas a serem seguidas por todos os
institutos de Surdos em vários países. Os indivíduos Surdos atravessaram o
século XX com extremas dificuldades de inserção na sociedade, pouca aquisição lingüística
e baixíssimo rendimento escolar. A defasagem que o método oralista puro redeu
muitos traumas, formação de guetos de Surdos; a troca de informação lingüística
só acontecia entre Surdos ou entre ouvintes e Surdos que já estivessem
acostumados.
Diante de tantos fracassos, por volta dos anos 60 do século XX, alguns
pesquisadores americanos desenvolveram a metodologia Comunicação Total que
buscou superar o método ate então vigente. Atualmente, o Bilingüismo é o método
mais indicado nas escolas para Surdos.
2 – A PRIMEIRA INSTITUIÇÃO PARA SURDOS NO BRASIL:
A fundação do primeiro instituto no país ocorreu no período do segundo
império, com a chegada de um ex-aluno Surdo do Instituto de Paris, Hernest
Huet. Sendo apoiado por Dom Pedro II, Huet conseguiu um prédio na cidade do Rio
de Janeiro (na época, capital do Brasil) e em 26 de setembro de 1857, fundou o
Instituto Imperial dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional
de Educação dos Surdos – INES. O interesse de fundar um instituto de educação
para Surdos seria impulsionado pelo fato de o próprio Dom Pedro II ter um neto
Surdo, filho da Princesa Isabel com o conde D’Eu, parcialmente Surdo.
Em 1874, eram atendidos apenas 17 Surdos, dentro de uma realidade de
11.595, conforme dados do Censo de 1872. No ano seguinte da sua fundação, o
Instituto dos Surdos-Mudos teve seu funcionamento suspenso por questões de
ordem administrativa, retormando suas atividades somente nove anos depois, após
a reformulação de seu estatuto.
A língua brasileira de sinais – LIBRAS – começou a se desenvolver nesse
período. Com o alfabeto datilológico francês trazido por Hunt, os sinais
caseiros já desenvolvidos por Surdos brasileiros foram sendo organizados e
readaptados com grande influência da língua de sinais francesa; o latim está
para a língua portuguesa assim como a língua de sinais francesa está para a
língua de sinais brasileira.
No início, o instituto utilizou a Língua de Sinais, porém, a partir de
1911, passou a adotar o método oralista, obedecendo às ordens do Congresso de
Milão que proibia o uso da língua de sinais como método de ensino. Em 1957, por
influência da diretoria do instituto, foi proibido qualquer tipo de uso, mesmo
informal, da LIBRAS, impedindo até mesmo o contato de alunos mais velhos com os
novatos. Mesmo com essa proibição, clandestinamente muitos professores e
ex-alunos que freqüentavam bastante o instituto construíram focos de
resistência e manutenção da LIBRAS.
Em 1970, com a influência da filosofia da Comunicação Total, e
posteriormente do Bilingüismo, a educação de Surdos no Brasil começou novamente
a utilizar a LIBRAS como meio de comunicação e ensino-aprendizado dos
indivíduos Surdos.
2.1 – OS PRIMÓRDIOS DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO CEARÁ:
A discussão sobre a educação de indivíduos com deficiências em geral
surgiu somente entre os anos de 1940 e 1950, a partir de algumas discussões que
eram levantadas sobre a juventude cearense. Segundo os estudos de Vanda Leitão
(2008) , quando profissionais do Centro de Orientação Juvenil, do Departamento
Nacional da Criança vieram ao Ceará, em 1948, perceberam o grande número de
alunos deficientes metais, houve o surgimento de algumas movimentações em prol
da educação para crianças especiais. O que é importante ressaltar é que o Surdo
estava entre essas crianças consideradas doentes mentais, ou seja, o Surdo,
quando não isolado do mundo, era classificado e integrado na categoria de
“doido”.
No Brasil inteiro, entre as décadas de 1950 a 1960, várias campanhas
surgiram, como por exemplo, a APAE – Associação de Pais e amigos dos
Excepcionais (com sede em Fortaleza), a CNEC – Campanha Nacional de Educação
dos Cegos, e a CESB – Campanha para a Educação dos Surdos Brasileiros, sendo
essa a grande influenciadora e sensibilizadora no processo de implantação de políticas
públicas para Surdos no Ceará.
A primeira iniciativa governamental em relação aos Surdos foi a criação
do Instituto Cearense de Educação de Surdos – ICES . O professor universitário
Hamilton Cavalcante de Andrade foi o primeiro diretor do instituto, sendo uma
pessoa bastante influente, conquistando mais visibilidade para a fundação do
Instituto. Foi, a partir da inauguração, montado um grupo de profissionais
especializados em surdez vindos do INES para conduzir um curso para as pessoas
que não tinham habilidade em Educação Especial.
A conduta metodológica se deteve no oralismo, considerando os eventos e
as decisões tomadas em outros países nesse período histórico. A intenção era
fazer o Surdo falar, torná-lo um civil “normal”; porém, os resultados não eram
satisfatórios: os alunos surdos reprovavam bastante, geralmente nunca aprendiam
a falar, e levavam anos tentando aprender o português, porem sem sucesso. Os
instrutores do instituto não percebiam que o método oralista só surtia algum
efeito quando o indivíduo possuía algum resquício auditivo; os surdos com
ausência total de audição não aprenderiam nunca a falar. O que acabou
acontecendo foi o desenvolvimento de uma comunicação, que se baseava nos sinais
dos Surdos do Rio de Janeiro (pois alguns alunos do ICES tinham contato com os
Surdos do INES). A proibição oficial do uso da LIBRAS não impediu que os Surdos
se reunissem às escondidas para tentar desenvolver uma comunicação gestual. Com
o crescimento e articulação internar desses grupos de resistência ao oralismo,
foi surgindo em todo o país várias associações para Surdos.
É nesse contexto de lutas, estigmatização e resistência, que é fundada a
Associação de Surdos do Ceará – ASCE.
3 – HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA ASCE, A PARTIR DA
TRAJETÓRIA DOS SURDOS:
A criação da ASCE surgiu da iniciativa de alguns indivíduos Surdos mais
experientes que tiveram a oportunidade de conhecer sobre a formação de
associações de Surdos no restante do Brasil, e trouxeram para o Estado do Ceará
essa idéia. Esses Surdos viram a necessidade de haver um lugar onde fosse
possível eles se encontrarem para que pudessem se comunicar utilizando a
LIBRAS. Esse foi um dos primeiros e mais importantes objetivos de fundação da
ASCE.
Esses indivíduos se estabeleceram entre os demais Surdos como uma
espécie de “líderes” no percurso da criação da ASCE. Baseando-se no conceito de
Goffman (1982), alguns dos Surdos entrevistados são como os representantes de
sua categoria. Suas trajetórias se cruzaram, principalmente, no ICES, escola
onde eles eram educados através do método oralista. Alguns Surdos que conheciam
a LIBRAS através de viagens para outros estados ensinavam às escondidas alguns
sinais para os outros Surdos, e assim eles começaram a estabelecer uma
comunicação efetiva.
Pelo fato de escola proibir o uso da LIBRAS no ensino, eles se viam
obrigados a se comunicarem discretamente em sinais, e quando eram vistos
realizando esse tipo de comunicação, eram repreendidos tantos pelos professores
como em casa, entre os familiares. A idéia que se tinha da LIBRAS – e isso é um
reflexo histórico, já ressaltado – era que ela “atrofiava” o desenvolvimento da
fala dos alunos Surdos, deixando-os preguiçosos para tentarem aprender e a
utilizar o português falado e escrito.
A história da fundação da ASCE está intrinsecamente vinculada à
biografia de alguns Surdos que serão aqui citados. Esse é um dos achados mais
importantes que serve de reflexão para qualquer outro estudo de formação de
grupos identitários: é a partir da ação de indivíduos, somando a sua necessidade
particular com as necessidades de outros indivíduos em circunstância semelhante
a sua, que se é gerado uma situação propícia para o surgimento de um sentimento
associativista .
Durante as entrevistas com alguns representes, foram realizadas perguntas
sobre os acontecimentos históricos da ASCE: período de fundação, principais
idealizadores, as primeiras motivações que envolveram a sua criação, e as
dificuldades encontradas durante o processo de legalização da associação. A
Diretora Social atual, Aline Maria da Silva, 31 anos, Surda, relatou em LIBRAS
alguns principais dados históricos sobre a associação, e que posteriormente,
nas entrevistas realizadas com ex-presidentes, puderam ser constatados.
Uma parte da história da ASCE está bastante vinculada à biografia de
Zuleica Lemos de Oliveira, Surda, atualmente com aproximadamente 60 anos. Aluna
na sua juventude do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES –, situado
no Rio de Janeiro, tomou conhecimento da existência de associações de Surdos
antes de voltar ao Ceará. Quando retornou, Zuleica e outra Surda, Silva Helena,
decidiram viajar por alguns lugares do país para obterem informações e
conseguirem contato com outros Surdos vinculados com associações de outros
estados.
No percurso dessa viagem, conheceram a ASMG – Associação dos Surdos de
Minas Gerais , e a diretora da época, Maria Regina Forin Tavares Pais, ao saber
da carência dos Surdos cearenses, se comprometeu em apoiar e incentivar a
fundação de uma associação no Ceará. Segundo o relato de Aline, Regina “sabia
da importância de um espaço de interação, de troca e compartilhamento de
informação sobre a comunidade surda e sobre a língua de sinais”. Zuleica
recebeu de Regina orientação de como criar uma associação, e também as cópias
do estatuto e do regimento interno da ASMG, servindo de base para os documentos
da ASCE.
Novamente no Ceará, Zuleica e Silvia marcaram uma reunião com todos os
Surdos que conheciam; alguns se reuniam freqüentemente na Praça do Ferreira, e
outros estudavam no Instituto Cearense de Educação de Surdos – ICES. No sábado
seguinte à convocatória, cerca de 30 Surdos, entre jovens e adultos, se
reuniram no Instituto, para discutir a proposta de Zuleica e Silvia, de fundar
um ambiente em que pudessem se comunicar livremente, e decidirem quais seriam
os componentes da diretoria e as principais lideranças. Decidiram que, dentre
eles, o primeiro presidente seria Francisco Suderland Mota, um Surdo, e quem
fazia o papel de intermediador entre os Surdos e a sociedade ouvinte era o Surdo
oralizado Erivelton (atual presidente), realizando as traduções para os Surdos
não oralizados, tendo em vista que na época não havia no Ceará nenhum ILS .
Alguns Surdos não tinham muito conhecimento da LIBRAS; desenvolviam sinais
caseiros, mas com significados entre si. Erivelton, como tinha tido contato com
os Surdos do INES, ensinava aos Surdos cearenses os sinais corretos. No
processo de idealização e fundação, não havia presença de nenhum ouvinte. Uma
das dificuldades enfrentadas nesse período era que a maioria dos Surdos eram
jovens e inexperientes, não conheciam a dinâmica burocrática de uma Associação.
A responsabilidade financeira da Associação ficou a cargo de Francisco
Suarez Bastos Mota . Ainda sem sede própria, a arrecadação em prol da associação
era entregue na residência do tesoureiro, e posteriormente depositada em sua
conta pessoal. Porém, surgiu um clima de desconfiança entre os Surdos e
Suderland após ele adquirir um automóvel novo na mesma época de arrecadação
financeira. Havia rumores de que Suderland havia usado as economias da ASCE
(até então em processo de organização) para se beneficiar. Acusado de desvio de
verba, Suderland se afastou da associação, e mesmo após a prestação de contas
da tesouraria comprovando a inocência de Surderland, este não voltou a
participar da associação, levando à associação fechar as portas com apenas 11
meses de existência.
Durante 6 anos, a Associação não realizou nenhuma atividade. Mas isso
não significou que os Surdos tivessem desistido de se articularem. O surdo José
Nilson Leite Farias e outros Surdos que eram mais articulados tomaram a frente
em reabrir a Associação. A arrecadação de verba era uma das maiores
dificuldades, que até hoje ainda é um problema para a ASCE. Segundo Everton de
Farias Leite , 50 anos, e irmão de José Nilson, o surgimento de outras
associações de apoio, como a APADA – Associação de Pais e amigos dos
deficientes auditivos do Ceará, facilitou a inserção dos Surdos e a fundação da
ASCE. A colaboração de um ouvinte nesse segundo recomeço também foi fundamental
na condução dos processos burocráticos. Fernando Melo foi o primeiro intérprete
do Ceará, como Everton relata:
[...] de fato na época nem conhecíamos a nomenclatura “intérprete”,
dizíamos que era o ouvinte que estava junto com os Surdos, depois que
compreendemos que ele (Fernando) era um intérprete e que estava junto nessa
parceria. O Fernando foi uma pessoa muito importante para nós, ele lutou muito
pela ASCE. (Everton Leite, 50 anos, Surdo, engenheiro).
A persistência dos Surdos em continuar se reunindo foi fundamental para
que a idéia não se dispersasse; alguns indivíduos conduziram as discussões e
mantiveram os encontros periodicamente. Willer Cysne Prado Vasconcelos ,
44anos, relata que, depois que a ASCE fechou, Zuleica ficou bastante triste e
decepcionada.
Então José Nilson, Halder Borges e o Francisco Brito, lideranças surdas
da época, articularam a reativação da ASCE, já que todos os sábados os Surdos
estavam do ICES eles aproveitaram a situação para divulgar a proposta. [...] Os
primeiros candidatos a presidência da nova fase da ASCE foram os mesmos lideres
que incentivam na promoção da ASCE [...] sendo José Nilton eleito com sua chapa
e compôs uma diretoria. (Willer Cysne, 44 anos, Surdo, professor de LIBRAS).
A ASCE recomeçou as suas atividades, promovendo momentos lúdicos, como
festas, campeonatos esportivos e desfiles de rainha. A quantidade de Surdos
associados foi aumentando, e logo teriam que se mudar de onde estavam para um
espaço maior. A antiga sede ficava no Bairro Meireles, próximo à Paróquia de
Santa Luzia, em um espaço em que antes tinha sido uma pequena lavanderia.
Então, na gestão de Willer Cysne, o processo de mudança do local começou, sendo
finalizado na gestão de Nilze Mary :
Maria Aldenora Nogueira era presidente da APADA na época e tínhamos uma
boa interação um bom relacionamento. Antes tínhamos uma casa alugada e a
manutenção estava ficando complicada [...] não tínhamos nenhuma ajuda
institucional ou governamental, nos mantínhamos apenas com as contribuições dos
sócios e com os lanches vendidos. E através do contato que a APADA na pessoa da
Aldenora tinha com Lúcio Alcântara que na época era Deputado Federal, que
conseguimos a sede atual. [...] Ela entrou em contato com alguém da família que
entrou em contato com ele e marcamos de conhecer a casa. Na ocasião eu não
tinha divulgado nada ainda a comunidade surda, mantinha tudo em segredo. E
quando chegamos lá a casa estava em péssimas condições com janelas, instalação
elétrica e hidráulica quebradas, suja, o telhado também estava quebrado porque
a casa já tinha sido invadida varias vezes por vândalos porque antes a casa
estava sem uso. Após analisamos a casa decidimos reformá-la, mas sem contar
nada aos surdos e resolvemos tudo conseguimos algumas verbas com os ministérios
e finalmente pude divulgar e surpreender a comunidade surda. A notícia foi
recebida com muita alegria por todos. [...] Mesmo fora da Presidência, eu
continuava lutando para a reforma da ASCE, fazíamos ofícios, arrecadação nas
instituições e também entre os próprios surdos, para a compra de material de
construção, tinta, telhas, etc. A inauguração de fato se deu em 1996 durante a
Gestão da nova presidente (Nilze Mary), na cerimônia de inauguração o Senador
Lúcio Alcântara participou de todo o procedimento normal de concessão da casa.
[...] A notícia se espalhou por todo o Brasil e fomos parabenizados por essa
nossa conquista. (o mesmo)
Desde então, mesmo com as dificuldades financeiras, pois, como já foi
dito, a associação é mantida por seus sócios, e muitas vezes, segundo algumas
conversas informais, os sócios não pagam em dia, o que acarreta uma despesa na
manutenção da casa. Também se requer verba para a realização das atividades
periódicas, como por exemplo: festas em datas comemorativas (aniversário da
ASCE, dia das mães, natal, etc); torneios esportivos entre as associações do
país; desfile para escolha de rainha; assembleias com pautas sobre prestação de
contas, projetos de eventos e viagens, dentre outras que surgem com o tempo.
Atualmente, a ASCE está situada na Avenida Bezerra de Menezes, n° 549,
no bairro São Gerardo . Os encontros ocorrem aos sábados, a partir das 17h, e a
ASCE só fecha quando todos os Surdos vão embora, por volta das 23h.
CONCLUSÃO:
A Associação é o local em que os Surdos recebem informações através do
uso de uma língua própria, compreendida e aprendida por todos os seus
integrantes. A vontade de se comunicar e interagir com o seu semelhante
ultrapassou as barreiras impostas pelos institutos de ensino, que com a organização
e participação desses sujeitos estigmatizados, conseguiram fundar um local
referencial para todos os indivíduos que possuem a mesma marca identitária.
Além de servir como local de interação e lazer, no qual o Surdo pode se
divertir e se sentir acolhido, percebe-se que essa instituição é uma peça
fundamental para construir e solidificar uma nova percepção do seu próprio
estigma. Sentindo-se compreendido por outro indivíduo, a sua opinião
auto-depreciativa começa a ser revista; o mundo silencioso e incompreensível
começa a ser assimilado, as ações e fatos da sociedade passam a fazer sentido,
e principalmente, as qualidades e capacidades próprias, antes sufocadas pelo
estigma da surdez, passam a ser descobertas pelos indivíduos.
A Associação de Surdos do Ceará tem uma história bastante particular,
porém não desvinculada do seu tempo histórico. Através de entraves que perduram
a séculos, situações que justificaram a sua criação e manutenção na sociedade
estão diretamente ligadas à fatores sócio-históricos.
A própria estigmatização do indivíduo Surdo, que até pouco tempo não
possuía nenhuma credibilidade, foi o fator crucial para o surgimento de uma
associação que o unisse aos seus semelhantes, e desenvolvesse, através de uma
língua própria, uma percepção diferente, mas não inferior, em relação ao mundo
e a sociedade.
OBSERVAÇÃO: Pesquisa realizada no período de março a julho de
2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: Métodos
qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre:Artmed, 2007.
FRIZANCO, Mary L. E. HONORA Márcia. Livro ilustrado de Língua
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com surdez. Ciranda Cultural, 2009.
LEITÃO, Vanda Magalhães. Instituições, Campanhas e Lutas: História da
Educação Especial no Ceará. Fortaleza: Edições UFC, 2008.
GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da
identidade deteriorada. 4.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
MOURA, Maria Cecília. O Surdo: caminhos para uma nova
identidade. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.
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Surdos brasileiros. Disponível em:
http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/artigo2.pdf. Data de acesso: 03 de
junho – 2010.
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ROCHA, Márcia S. O Processo de Inclusão na Percepção do Docente
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curso de Pós- Graduação em Educação Especial – Área de Deficiência Mental,
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ROSA , Guilherme Carvalho da. A discussão do conceito de
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http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/a/a2/GT3-_26_-_Identidade_conceito_celacom.pdf>.
Data de acesso: 05 de junho, 2010.
NOTAS:
ROCHA, Márcia S. O Processo de Inclusão na Percepção do Docente
do Ensino Regular e Especial.
Monografia apresentada como conclusão do curso de Pós-graduação em
Educação Especial – Área de
Deficiência Mental, Universidade Estadual de Londrina. 2000, p. 3-10.
FRIZANCO, Mary L. E. HONORA Márcia. Livro ilustrado de Língua
Brasileira de Sinais: Desvendando a comunicação usada pelas pessoas
com surdez. Ciranda Cultural, 2009.
REILY, Lucia. O papel da Igreja nos primórdios da educação dos
Surdos. Revista brasileira de Educação. Maio-agosto, ano/vol. 12. N.035.
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, São Paulo.2007.
P.308-326.
REILY, Lucia. Opus cit.
Chamado também de alfabeto manual, do qual cada letra é representada por
uma ou duas mãos, dependendo do local.
“O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integração da criança surda à
comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no
caso do Brasil, o Português). O oralismo percebe a surdez como uma deficiência
que deve ser minimizada através da estimulação auditiva.” (GOLDFELD, 1997, p.
30 e 31)
“O verdadeiro caminho para educar surdos e mudos, confirmada por uma
longa experiência”.
MOURA, Maria Cecília. O Surdo: caminhos para uma nova
identidade. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.
Em inglês, American Sign Language.
Segundo o conceito Vygotskyano, sinalização refere-se a “fala” produzida
através das mãos, isto é, através do canal espaço-visual. (GOLDFILD, 1997 apud
SPERONI, 2010)
MOURA, M. C. Opus cit.
Somente o ensino da língua oral, sem nenhum ensino da língua de sinais.
“[...] a Comunicação Total foi definida oficialmente como uma filosofia
que incorpora as formas de comunicação auditivas, manuais e orais apropriadas
para assegurar uma comunicação efetiva com as pessoas surdas. [...] (SCHINDLER,
1988, p.10 apud MOURA, 2000, p. 57)
“O Bilingüismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser
Bilíngüe, ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é
considerada a língua natural dos surdos e, como Segunda língua , a língua
oficial de seu país.” (GOLDFELD, 1997, p.38) consultado de um texto-base
organizado por STROBEL e PERLIN para a disciplina de Fundamentos da Educação de
Surdos, do curso de Letras-LIBRAS – UFC.
LEITÃO, Vanda Magalhães. Instituições, Campanhas e Lutas: História
da Educação Especial no Ceará. Fortaleza: Edições UFC, 2008.
RAMOS, Clélia Regina. LIBRAS: A língua de Sinais dos
Surdos brasileiros. Disponível em:
http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/artigo2.pdf. Data de acesso: 03 de
junho – 2010.
LEITÃO, V. M. Opus Cit.
Fundado em 25 de março de 1961, no governo de Parsival Barroso, com
auxílio do Secretário de Educação do Estado, Dr. Joaquim de Figueiredo Correia,
e recebeu forte influência do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
Informações retiradas do site:<
https://sites.google.com/site/icesonline/historico-1.> Data de acesso: 02 de
junho/2010
Entende-se por associativismo: “As associações civis são formas
organizadas de ações coletivas, empiricamente localizáveis e delimitadas,
criadas pelos sujeitos em torno de identificações e propostas comuns, como para
a melhoria da qualidade de vida, defesa de direitos de cidadania, reconstrução
ou reivindicação em torno de interesses comunitários de variados tipos
sociais.” (SHERER-WARREN, 2004, p.14 apud DANIEL, M.G. 2007, p. 291).
“Fundada em 30 de abril de 1956, afirma ter como principal objetivo a
promoção do bem estar, da proteção, da assistência e do ajustamento em geral
das pessoas surdas de todas as idades, e desenvolve atividades como: festas,
reuniões, assembléias, e etc..” FONTE: http://www.asmg.org.br/
Intérprete de LIBRAS.
Presidente da ASCE entre 2005 e 2007.
Presidente e fundador da ASCE (na segunda ocasião) em 30 de abril de
1983 até 30 de abril de 1985.
Presidente da ASCE entre 1987-1989 e 1989-1991.
Presidente da ASCE entre o período de 30 de abril de 1993 à 28 de abril
de 1995.
29 de abril de 1995 à 18 de abril de 1997
Nascida em 30 de março de 1952, no sertão cearense, foi Miss Ceará em
1971; casou-se com Dr. Antônio Almeida Machado, com quem teve 5 filhos, sendo 4
surdos. Graduou-se em História, pela UECE, defendendo uma monografia intitulada
“Trajetória histórica das diferentes abordagens na educação de surdos: um
enfoque sobre a realidade do Ceará.”
Eleito em 1995. É notória a importância que Lúcio Alcântara tem para
essa comunidade, sendo visivelmente notada com a presença de um quadro com sua
foto em destaque em um dos cômodos da ASCE. Buscando saber quais as razões
desse envolvimento, houve várias tentativas de contato com Lúcio, sendo este
possível somente através de email, no qual ele conta a história do imóvel que
hoje serve de sede da ASCE.
A atual casa onde a ASCE está situada pertenceu à família de Lúcio
Alcântara, que viveu nela desde a sua infância até o dia em que se casou.
Atualmente funciona também a APADA – Associação de Pais e amigos dos
Deficientes Auditivos – e a FENEIS -CE – Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos, sede do Ceará.
EUDENIA MAGALHÃES BARROS é estudante do Curso de
Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará e realiza
pesquisas sobre a Comunidade Surda Cearense. Em 2010, desenvolveu uma pesquisa
sobre a inserção da Comunidade Surda nas Campanhas Políticas, vinculada ao
Laboratório de Estudos de Política, Eleições e Mídia, como bolsista de
iniciação científica pelo CNPq.
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